As alterações introduzidas por Roberto Martínez na equipa de Portugal: três defesas centrais, a preponderância de João Palhinha, a alegria de Cristiano Ronaldo e a aposta na juventude.
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A última semana marcou a estreia de Roberto Martínez como selecionador de Portugal e foram várias as alterações efetuadas pelo espanhol, desde a mudança de esquema tático, a aposta em João Palhinha e a renovação de confiança em Ronaldo. Apesar dos jogos terem sido contra adversários acessíveis, as mudanças deram resultado, uma vez que a seleção goleou o Liechtenstein (4-0) e Luxemburgo (6-0), no arranque da qualificação para o Euro 2024.
A mudança do sistema tático foi a novidade mais evidente pela introdução dos três defesas centrais. Habituados ao 4x4x2 ou ao 4x3x3 de Fernando Santos, Roberto Martínez optou pelo 3x4x3, a fórmula que utilizou quando orientou a seleção belga. Esta tática permite colocar mais jogadores na frente e criar dinâmicas diferentes e mais ofensivas com os laterais.
No setor defensivo, o espanhol estreou os centrais Gonçalo Inácio e Diogo Leite na convocatória, mas só o jogador do Sporting somou minutos. Estas escolhas mostraram que Martínez não tem medo de apostar na juventude e renovar uma área em que os habituais selecionados já estão nas fases finais da carreira - Pepe (40 anos) e José Fonte (39).
Mais à frente, Cristiano Ronaldo brilhou contra o Liechtenstein e o Luxemburgo. O avançado do Al Nassr foi titular nas duas partidas, algo que talvez tenha surpreendido a generalidade dos adeptos, uma vez que a outra opção passava por Gonçalo Ramos, em grande forma pelo Benfica (24 golos). Assim sendo, CR7 não desiludiu e apontou quatro golos nos dois jogos e mostrou uma alegria em campo que nem sempre se viu na reta final da era de Fernando Santos. Outro detalhe sobre o capitão: reagiu com naturalidade ao facto de ter sido substituído nas duas partidas, em contraste com o que aconteceu no Mundial 2022, quando ficou desagradado por ser rendido no decorrer do jogo.
A boa época de Palhinha no Fulham não passou despercebida ao selecionador, que colocou o médio a titular nos dois jogos. O ex-jogador do Sporting não era a primeira escolha de Fernando Santos, mas revelou-se importante para equilibrar a equipa e com argumentos no passe - basta ver a assistência para Bernardo Silva no terceiro golo contra o Luxemburgo.
Dupla sensação do Benfica na sombra
Os benfiquistas João Mário e Gonçalo Ramos têm estado em destaque na Liga e na Champions, formando a terceira da Europa com mais participações em golos (42), atrás de Mbappé e Messi (43) e Haaland e Foden (48). Mesmo assim, não foram verdadeiras apostas de Roberto Martínez. João Mário jogou apenas um minuto contra o Liechtenstein e não saiu do banco contra o Luxemburgo. Já Gonçalo Ramos disputou 12 minutos na primeira partida de Portugal e foi utilizado nos últimos 26 minutos contra os luxemburgueses.