Chama-se Whale e parece, como sugere o nome, uma baleia gigante. Construído para ser um superpetroleiro, foi transformado, em Portugal, num navio capaz de "aspirar" o óleo à tona do mar. O armador, de Taiwan, levou-o para os EUA, onde espera que a embarcação dê boa ajuda na despoluição das águas do Golfo do México.
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Já chegou aos EUA aquela que poderá ser uma das grandes esperanças na limpeza da imensa mancha de petróleo que está a poluir as águas do Golfo. Com efeito, na passada quinta-feira, aportou em Norfolk aquele que é apelidado como o giant oil skimmer (separador de óleo gigante). Trata-se do maior navio adaptado do Mundo para realizar tal tarefa.
A embarcação, propriedade da Taiwan Maritime Transportation (TMT), e com pavilhão da Libéria, tem 340 metros de comprimento, 60 metros de boca e uma altura equivalente a um prédio de 10 andares. A empresa armadora enviou, por sua própria conta, o navio a Portugal para ser convertido e adaptado como recuperador de petróleo. Para tanto, foi dotado de um sistema inovador: umas ranhuras nas amuras de bombordo e boreste que possibilitam a aspiração do óleo que está à superfície.
Em Norfolk, Nobu Su, presidente e fundador do grupo TMT, ao falar para os jornalistas e funcionários da Guarda Costeira, afirmou ser sua intenção usar o navio como um "cortador de relva, mas para cortar a água", ingerindo milhões de litros de água oleosa através das pequenas fendas. Tem capacidade para processar 500 mil barris de água oleosa por dia. Ou seja, faz numa semana aquilo que todas as embarcações no local já fizeram, todas juntas, em 60 dias.
Tratando-se de um sistema inovador, nunca antes um navio com estas características operou no combate à poluição. O único teste foi feito em Portugal com espuma à superfície. De acordo com o armador, tudo correu bem, mas ainda não foi testado com óleo e mar agitado. "Um desastre em grande escala necessita de uma solução em larga escala", afirmou Nobo Su a uma multidão de repórteres e executivos da agência reguladora de transportes dos Estados Unidos da América.
O maior problema para o armador, agora, será fazer com que o navio consiga operar livremente no combate à poluição em águas norte-americanas. Com efeito, os EUA possuem o Jones Act, uma legislação da marinha mercante que permite exclusivamente a navios de bandeira americana, com tripulação americana e de proprietários americanos, operar nas suas costas. E o Whale não se enquadra em nenhuma destas exigências.
Em Norfolk, o armador convidou a Guarda Costeira a vistoriar o navio e um professor emérito de Ciências Ambientais na Louisiana State University para conhecer as características da embarcação. Enquanto isso, os advogados de Nobo Su procuram uma licença especial para contornar o Jones Act e poder operar o seu navio de bandeira de conveniência na costa norte-americana. Tal, a acontecer, seria algo inédito desde 1920. Entusiastas e lobistas estão em campanha acirrada junto da opinião pública americana num frenesi por causa do desastre ambiental.