CGD converteu para arrendamento 1152 imóveis resultantes de créditos em incumprimento
A CGD tem em dois fundos de habitação 1152 imóveis resultantes de créditos em incumprimento convertidos para mercado de arrendamento, de acordo com o próprio banco público.
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Os dois Fundos de Investimento Imobiliário para Arrendamento Habitacional da Caixa Geral de Depósitos têm, no total, 1325 imóveis, dos quais 86% (1.152) têm como origem situações de incumprimento pelos clientes.
Em termos de valores, estes fundos representam 111,8 milhões de euros.
Estes dados foram apresentados, esta quinta-feira, numa conferência de imprensa da Caixa Geral de Depósitos (CGD) sobre a experiência do banco público nestes fundos, cujo primeiro foi criado em 2009.
"Estes fundos permitiram em muitos locais dinamizar o mercado de arrendamento e facilitar os encargos para muitas famílias com a reconversão do crédito à habitação em arrendamento com opção de recompra", disse Paulo Sousa, administrador da Fundimo e diretor de Financiamento Imobiliário da CGD.
A vantagem destes fundos é permitir às famílias sobrecarregadas com a prestação da casa venderem o imóvel aos próprios fundos, substituindo o contrato de crédito à habitação por um contrato de arrendamento com uma mensalidade mais baixa.
Com esta solução, além da prestação mais baixa (em média, as famílias com casas arrendadas neste âmbito pagam 300 euros por mês), são evitados encargos como condomínio, seguros ou impostos, ficando as famílias com opção de recompra das casas quando as finanças o permitirem.
Atualmente, os imóveis destes fundos estão localizados sobretudo em cidades da periferia de Lisboa e Porto, onde nas últimas décadas se deu um crescimento exponencial do parque habitacional.
A CGD tem ainda acordos com câmaras municipais para a cedência de habitação para arrendamento, caso do projeto Arco-Íris, em Vila Nova de Gaia.
Além da CGD, também o BES tem um fundo de arrendamento que permite que, em situações de dificuldades de pagamentos do crédito à habitação, os clientes entreguem as casas ao fundo e as passem a arrendar, ficando também com a opção de recompra. Em entrevista à RTP, este mês, o presidente do banco, Ricardo Salgado, anunciou que a instituição vai incorporar 185 novas habitações no fundo Norfin, participado pela Segurança Social.
A conversão de contratos à habitação em arrendamento está a ser discutida pelos bancos no âmbito da Associação Portuguesa de Bancos (APB), que junto com o Governo e o Banco de Portugal tenta encontrar soluções para aliviar as famílias que estejam sobrecarregadas com as prestações à banca de modo a evitar o incumprimento.