O secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, disse, esta segunda-feira, que o Governo deixou cair a meia hora de trabalho, considerando que a luta dos trabalhadores "contra medidas de violência inaceitável" foi decisiva. A central sindical abandonou, ao início da tarde, a reunião de concertação social considerando o texto do acordo como "chocante".
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Carvalho da Silva saiu cerca das 13 horas da reunião de concertação social, que continua com os restantes parceiros, para deixar aos trabalhadores a mensagem de que "vale a pena lutarem pelos seus direitos" porque "há matérias que não entraram neste acordo que está a acabar de ser cozinhado entre alguns, entre os quais o aumento do horário de trabalho".
Ao abandonar a reunião da concertação social, disse que nunca houve um documento que representasse um "retrocesso tão grande nos direitos dos trabalhadores" e que "o que está a ser acertado entre os patrões e a UGT é um texto que representa a maior regressão nos direitos dos trabalhadores", classificando o texto como "chocante".
"A chantagem da meia hora serviu extraordinariamente para que este documento tenha um conjunto de conteúdos que contêm um grande retrocesso", apontando a entrega dos mecanismos e dos meios do Estado às entidades privadas.
"Tudo isto é uma grande trapaça", criticou o sindicalista, frisando que se está "a caminhar para o capitalismo ou socialismo chinês, este documento podia ter sido feito pelo governo chinês", acusou Carvalho da Silva, argumentando que o patronato se sobrepõe aos direitos dos trabalhadores.
Apontou igualmente "a grande fragilização da contratação colectiva que vai obrigar a uma grande luta", a falta de resposta ao salário mínimo nacional, a ausência de combate à economia clandestina, a diminuição da retribuição do trabalho e a eliminação da compensação em termos de trabalho extraordinário.
Carvalho da Silva manifestou ainda a grande preocupação da central perante "a utilização dos dinheiros da Segurança Social para tudo e mais alguma coisa" e confirmou, apesar do recuo na meia hora, a presença frente à Assembleia da República no dia 18 de Janeiro.
Apesar da saída da CGTP, a reunião prossegue às 15 horas com os restantes parceiros sentados à mesa das negociações.