Dados do INE revelam que 26% dos trabalhadores estão na mesma empresa há 20 anos
No final do ano passado quase 1,3 milhões de trabalhadores estavam na mesma empresa há 20 ou mais anos. É o valor mais elevado desde 2011, quando se iniciou a atual série estatística do inquérito ao emprego, do Instituto Nacional de Estatística (INE).
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De acordo com os cálculos do JN/Dinheiro Vivo, mais de 26% da população empregada estava há duas décadas ou mais na mesma casa. Com um valor próximo só os trabalhadores que estão entre um e quatro anos. Neste intervalo estão 1138 milhões de trabalhadores, correspondendo a 23,2% do total dos quase cinco milhões de pessoas empregadas. Estes dados podem querer dizer que há uma renovação de quadros, mas também a admissão de jovens trabalhadores e do contingente de pessoas que estavam no desemprego.
A perder peso no total do emprego estão os trabalhadores que se encontram entre os cinco e os nove anos na mesma empresa (de 17% em 2011 para 14% em 2019).
Em franco crescimento tem estado o volume de empregados até aos seis meses numa empresa, atingindo no ano passado o registo mais elevado dos últimos nove anos. Em termos relativos, corresponde a 10% da população empregada.
No sentido contrário estão os trabalhadores que estão no intervalo entre os 10 e os 19 anos em que se nota uma quebra de 2018 para 2019. Ou seja, são os empregados que estão perto ou a atingir o meio da carreira. Muitos terão saltado para o escalão seguinte (20 e mais anos), outros terão abandonado.
Menos emprego novo
No ano passado, 4,9 milhões de pessoas estavam empregadas, mais 46 mil do que a 31 de dezembro de 2018. É uma quebra de 64 mil empregos, representando o pior registo desde 2014, quando o mercado começou a recuperar. A criação de emprego continua, mas o ritmo é cada vez menor e está longe dos valores de 2017, quando foram criados 151,4 mil empregos. É o melhor resultado desde que há registos, correspondendo a uma variação de 3,3% face a 2016.
Em janeiro, "a estimativa provisória da população empregada verificou um acréscimo de 0,2%, tanto em relação ao mês anterior como ao mesmo mês de 2019 (11,2 mil e 11,3 mil, respetivamente), tendo diminuído 0,2% (8,4 mil) relativamente a três meses antes (outubro de 2019)", refere o INE.
O ano passado terminou com uma taxa de desemprego de 6,7%, mas poderá ter havido uma subida em janeiro.