O diretor executivo do FMI para Portugal está mais otimista do que a missão técnica, considerando que "não é claro" por que razão se considera que os resultados económicos e orçamentais levem a "um maior risco".
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Numa declaração que acompanha o relatório de conclusão da terceira missão de monitorização pós-programa, divulgada esta sexta-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o diretor executivo do Fundo, Carlo Cottarelli, refere alguns indicadores que considera serem positivos.
Cottarelli indica que, em 2015, o crescimento económico de Portugal continuou a sua "recuperação gradual", acompanhado de uma "melhoria discreta do mercado de trabalho" e do "ajustamento das contas externas".
O responsável do FMI refere que, "olhando para a frente, espera-se que estas tendências positivas continuem" e que mesmo a missão do Fundo antecipa que o crescimento de 2016 esteja "ao nível do de 2015", que o desemprego "caia mais" e que o excedente da balança corrente aumente.
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Por isso, o italiano considera que "não é claro por que [razão] estes resultados passados e esperados (no contexto de um declínio do défice orçamental e da dívida mesmo mas projeções mais pessimistas da missão) são vistos como conducentes a um maior risco".
No relatório, o FMI alerta para os riscos negativos que emergem "tanto do lado doméstico como de fontes externas" e aponta "as preocupações crescentes sobre a credibilidade das políticas arduamente conquistadas por Portugal" - decorrentes dos "acontecimentos recentes no setor bancário e o risco de uma reversão das reformas" - estão a exercer "uma pressão ascendente nos custos de financiamento público".
Além disso, o Fundo adverte também para "surpresas negativas adicionais" que podem surgir na economia interna ou mesmo por via da deterioração das perspetivas globais, considerando que isto pode "minar a confiança dos investidores".
No médio prazo, "um crescimento da produtividade mais baixo do que o esperado devido a reformas estruturais paralisadas ou a um crescimento dececionante dos maiores parceiros comerciais" pode também por a sustentabilidade da dívida pública em risco.
O FMI espera que a economia portuguesa cresça 1,4% este ano (abaixo da previsão de 1,8% do Governo) e que o crescimento abrande ligeiramente em 2017, para os 1,3%.
Quanto ao desempenho orçamental, o Fundo antecipa um défice de 2,9% este ano (acima dos 2,2% projetados pelo executivo) e estima que este valor se vai manter inalterado em 2017.