Governo diz que acordo demonstra que Portugal está melhor do que a Grécia e Irlanda
O ministro da Presidência considerou, esta quarta-feira, que o acordo demonstra que a situação económica de Portugal é melhor do que a grega ou irlandesa, mas o país foi arrastado "desnecessariamente" para o pedido de assistência financeira internacional.
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"As razões que determinaram este pedido de ajudas externa de Portugal são bem distintas daquelas que são conhecidas nos casos da Grécia e Irlanda. Certamente que são essas diferenças de substância quanto à situação de cada um dos países que determinam as diferenças nos programas de ajustamento", sustentou o ministro da Presidência.
Pedro Silva Pereira falava em conferência de imprensa, depois de ter recebido delegações do Bloco de Esquerda, PCP e "Os Verdes" na Presidência do Conselho de Ministros -- encontros que se destinaram a apresentar o teor do acordo alcançado com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
De acordo com a tese do ministro da Presidência, do grupo de países que recorreu à ajuda externa, Portugal foi o único a não ser sujeito e medidas adicionais logo no ano em que o acordo internacional é concluído.
"Isso nunca aconteceu em nenhum outro país que pediu ajuda externa e é o melhor reconhecimento do trabalho que estava já a ser feito pelo Governo e [prova] que a situação de Portugal não é comparável com a de outros países que se viram forçados a recorrer à ajuda externa", advogou o membro do executivo.
Pedro Silva Pereira referiu depois em Portugal não se revelaram necessárias medidas como a redução do salário mínimo na ordem dos 12,5 por cento, que aconteceu na Irlanda, ou a eliminação de prestações salariais, como ocorreu na Grécia.
"A situação económica portuguesa, tendo evidentemente problemas, é mais favorável", declarou, advertindo, no entanto, que também não se poderá concluir que Portugal fez bem em rejeitar o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC).
"A circunstância de um país pedir ajuda externa tem por si mesmo já consequências evitáveis. Fomos arrastados para esta situação desnecessariamente", lamentou, antes de apontar que haverá consequências pelo afastamento do país dos mercados internacionais "durante anos, com riscos para o financiamento da sua economia".
Entre outras consequências negativas, Pedro Silva Pereira referiu a sujeição de Portugal "a um mecanismo de monitorização por parte de um conjunto de instituições internacionais, a adopção de medidas para corresponder à expectativa de entidades financiadoras, que porventura em outras circunstâncias o país não precisaria de adoptar".
"O Governo conseguiu em negociação moldar este pedido de ajuda externa. Foi um bom acordo, mas isso não significa que, por causa disso, a assistência financeira internacional se tenha tornado um cenário mais desejável", sustentou.
Numa crítica indirecta ao PSD, Pedro Silva Pereira considerou que quem "desvaloriza os efeitos negativos de um programa de ajuda externa estão apenas a procurar desvalorizar aquela que foi a sua responsabilidade ao terem rejeitado o PEC e ao terem arrastado o país para um crise política".