Os dois maiores partidos só hoje irão a Belém, mas já ontem houve uma amenização do ambiente tenso que marcou o final da semana passada. O ministro Silva Pereira, por exemplo, disse acreditar na viabilização do OE pelo "parceiro natural" do Governo, o PSD.
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Ainda não se sabe o que fará o presidente da República no final das audições aos partidos - se falará ao país ou se convocará o Conselho de Estado, tudo depende da forma como decorrer o conjunto das audiências. Mas sabe-se que está preocupado com o facto de o clima político não ser o mais adequado à resposta necessária aos desafios. Como é o caso do próximo OE ou mesmo de eventuais medidas adicionais que possam vir a ser necessárias ainda para este ano.
A revelação pública da preocupação de Cavaco Silva com uma eventual crise política foi feita por Heloísa Apolónia. À saída da audiência no Palácio de Belém, a dirigente dos Verdes disse, preto no branco, que "o presidente mostrou-se muito preocupado". Em particular, segundo o entendimento da deputada, na sequência da declaração do ministro Pedro Silva Pereira, na quinta-feira, quando ameaçou com a demissão do Governo caso o Orçamento de Estado para 2011 não seja viabilizado no Parlamento.
Heloísa Apolónia revelou ainda que o chefe de Estado "deixou claro que acha fundamental um entendimento" para a aprovação do OE.
E foi de entendimento que pouco depois falou Silva Pereira, na inauguração de uma Loja do Cidadão, em Santo Tirso, ao dizer aos jornalistas que o país precisa de Orçamento e que o PSD é "o parceiro natural" para o viabilizar.
O mesmo tom não crispado foi usado pelos dirigentes do BE e do PCP, recebidos também em Belém. Em particular Francisco Louçã, que deixou palavras públicas de abertura ao diálogo.
"Faremos tudo para evitar uma crise política", porque, acentuou o líder bloquista, "Portugal não pode ter uma crise que agrave as condições, as dificuldades orçamentais ou as dificuldades económicas ou sociais".
Louçã não quis revelar quais as preocupações manifestadas pelo presidente na audiência. Apenas disse que no encontro "falou-se sobre os problemas do país".
"Uns querem criar crises, outros querem zaragatas, nós queremos trazer soluções e por elas nos bateremos no Parlamento", afirmou.
Desinteressado em contribuir para uma crise política também se revelou Jerónimo de Sousa, mas não deixou de criticar o facto de o Governo ter apenas escolhido o PSD como parceiro. "Vão acabar por entender-se." É a previsão comunista.
Hoje, Cavaco recebe as delegações do CDS-PP, PSD e PS.
* Com Lusa