Juros da dívida terão descida "muito significativa" após fim das dúvidas sobre medidas
O primeiro-ministro considerou, esta quinta-feira, que os juros da dívida pública portuguesa terão uma "descida muito significativa" quando se dissiparem as dúvidas sobre as medidas de redução da despesa pública, que associou a sua constitucionalidade.
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"É nesta matéria, julgo eu, que ainda existe alguma incerteza no mercado, que está muito relacionada com muitas medidas que nós tivemos de adotar e que tiveram de ser corrigidas ou que tiveram de ser reajustadas em função de avaliações feitas ao nível da constitucionalidade das medidas", declarou Pedro Passos Coelho, numa entrevista à TVI e à TSF.
"O meu convencimento é de que, assim que haja dissipação dessas dúvidas, nós conseguiremos ter uma descida muito significativa das taxas de juro. Basta ver o percurso que foi feito ao longo destes dois anos e meio", acrescentou o chefe do executivo PSD/CDS-PP. "Eu julgo que isso irá alterar-se à medida que for ficando clarificada a qualidade das medidas de consolidação orçamental", reforçou.
Por outro lado, questionado sobre quando é que os pensionistas e funcionários públicos vão recuperar os rendimentos que perderam, Passos Coelho respondeu que "é muito difícil dar uma resposta objetiva", porque isso depende de Portugal ter "um excedente orçamental" e da "capacidade da economia crescer significativamente acima de 2%, 2,5%".
"Eu julgo que está ao nosso alcance em alguns anos poder atingir uma situação dessas", acrescentou.
Passos Coelho disse compreender "que os portugueses tenham vivido estes anos com angústia" e declarou que o Governo também tem vivido estes anos "com muita ansiedade e com muita angústia" pela noção dos "sacrifícios que as pessoas têm vindo a realizar".
Relativamente aos mercados, o primeiro-ministro começou por defender que a confiança na dívida pública portuguesa depende essencialmente da capacidade de crescimento do país e da capacidade de redução da despesa pública.
Segundo Passos Coelho, no que respeita ao crescimento, o Governo fez "um conjunto de transformações importantes na economia portuguesa" que produziram resultados.
"Nós temos capacidade para crescer no futuro e agora não temos apenas uma promessa de crescimento. Já não é preciso dizer 'esperem para ver', nós já estamos a atingir resultado de crescimento desde o segundo trimestre", sustentou.
Passos Coelho referiu que "a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE) diz hoje que o potencial de crescimento até 2020 para a economia portuguesa aumenta em 3,3 pontos percentuais com o conjunto das reformas que nós realizámos".
De acordo com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, é também preciso mostrar "a qualidade da consolidação orçamental" por via do "controlo da despesa pública".
Enquanto "alguma dúvida sobre se o conjunto das medidas que asseguram o controlo da despesa não esteja dissipada, é natural que exista ainda alguma incerteza ainda no mercado de dívida", considerou.