A ministra das Finanças disse, esta quarta-feira no Parlamento, que, nas várias reuniões que manteve com Ricardo Salgado no primeiro semestre deste ano, nunca foi alertada para a situação do BES, apenas sobre o grupo Espírito Santo, para o qual chegou a ser pedida a intervenção da Caixa Geral de Depósitos.
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"Nunca me foi transmitida qualquer preocupação sobre o banco, foi sempre sobre o grupo", disse a ministra na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES, onde está a ser ouvida, revelando que, a partir de determinada altura, Ricardo Salgado lhe falou na possibilidade de interceder para que o grupo tivesse financiamento da CGD.
"Respondi: o Governo não fala com a CGD sobre casos concretos de crédito. Nunca interferi com qualquer decisão da CGD nesta matéria nem nunca o farei. Foi o que disse", revelou aos deputados.
A ministra das Finanças disse esta quarta-feira repetidamente que "nunca foi apresentado ao Governo qualquer pedido de recapitalização pública do BES", e insistiu que "não obstante os desafios e riscos", o modelo de intervenção que acabou por ser aplicado ao BES "permitiu preservar a estabilidade financeira, salvaguardado os contribuintes e o erário publico e protegendo todos os depositantes".
"Esta medida de resolução tem uma enorme vantagem para os contribuintes", disse, fazendo a distinção com a medida de recapitalização pública. Neste caso, disse, "se a venda do Novo Banco não for suficiente para pagar o empréstimo de 3,9 mil milhões de euros do Estado, então o resto do sistema financeiro fica responsável por pagar o restante", disse. "Os contribuintes sabem que esse dinheiro vai ser devolvido, a menos que deixássemos de ter sistema financeiro. Efetivamente os contribuintes estão muito mais salvaguardados neste caso", insistiu.
A ministra disse que "a decisão de resolução foi tomada no dia 1 de agosto, na conferencia telefónica dos governadores do Banco Central Europeu", e que não foi informada previamente. "O senhor governador não me consulta, comunica-me. Ele tinha assumido o compromisso com o BCE. A decisão estava tomada quando o senhor governador me comunicou", disse, facto que alguns deputados estranharam.