Os parceiros sociais sentem-se à margem do processo de definição de políticas que permitam a retoma económica, criticando a falta de postura negocial do Governo, salientou, esta quarta-feira, o secretário-geral da UGT, Carlos Silva.
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"Há um grande desagrado de todas as partes, de todos os parceiros, e uma grande preocupação em relação aos caminhos que o Governo pretende implementar para uma estratégia de crescimento e emprego", afirmou aos jornalistas Carlos Silva, no final de uma reunião com o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, em Lisboa.
"A CIP sabe que pode contar com o apoio da UGT no seguinte: é necessário que a Concertação Social seja realmente um fórum em que procuremos soluções com o Governo. E não ser apenas um 'pró-forma' de auditar o Governo e nada se contribuir para a procura de soluções para o país", reforçou.
"Sindicatos e empregadores têm uma mesma luta, que é a sobrevivência das nossas empresas e do nosso tecido empresarial. É preciso manter o atual nível de emprego, no mínimo, e, desejavelmente, criar novas empresas que vão absorver o desemprego que está instalado", assinalou, por seu turno, António Saraiva.
E acrescentou: "Esse é o único caminho e todos estamos de acordo. Precisamos de crescimento económico para combater o desemprego. E o crescimento económico é um desafio em que patrões e sindicatos têm que estar casados no objetivo maior que é desenvolver a economia e promover o crescimento económico".
Já Carlos Silva destacou que, durante o encontro com o presidente da CIP, houve várias posições conjuntas sobre diversas matérias ligadas à fase negativa da economia portuguesa.
"Ouvimos da parte da CIP e do seu presidente, António Saraiva, preocupações que são transversais a todos os parceiros sociais", realçou o líder sindical.
"O recuo de 3,9% da economia [no primeiro trimestre] preocupa imenso os empresários. Há também preocupações sobre o financiamento à economia. Há um claro período de desinvestimento, e não o contrário", sublinhou.
Na reunião de hoje, conforme revelou Carlos Silva, foram ainda abordados outros assuntos, como o acordo para a competitividade, crescimento e emprego, alcançado no ano passado.
"A CIP, tal com a UGT, verifica que uma parte importante desse acordo não foi monitorizado pelos parceiros, nem está implementado", frisou.
"Metemos também em cima da mesa a necessidade de haver portarias de exceção. É algo que reivindicamos porque faziam parte do acordo com o anterior Governo e que o [atual] Governo não implementou, teimosamente. A CIP está, tal como os restantes parceiros sociais, connosco neste desiderato", disse Carlos Silva.