O diretor geral da Peugeot Portugal admitiu que "dentro de um clima de crise" o grupo francês "não teria feito o investimento na panóplia de produtos que hoje tem", provocando 8 mil despedimentos em França.
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Alfredo Amaral, entrevistado pela Lusa antes de a PSA Peugeot Citroën anunciar um plano de reestruturação até 2014, disse que a Peugeot "antes da crise tinha como estratégia desenvolver a sua globalização e não estar dependente do mercado europeu, pretendendo atingir mercados onde a sua presença é fundamental para o seu crescimento, como a América latina, Japão, Índia e a própria Rússia".
No entanto, a estratégia iniciada em 2007 teve de ser alterada porque "a crise europeia impactou bastante todos os investimentos em curso sobre os planos de produto", disse o responsável, que a Lusa não conseguiu ainda contactar para comentar a decisão hoje anunciada em Paris.
Apesar da reestruturação em curso a nível global, a PSA "fez os investimentos certos no tempo errado", mas que "ao menos minimiza todo o impacto da crise que estamos a sofrer", já que se o grupo francês estivesse num ambiente como este e, ainda por cima, com um produto mais antiquado, seria muito pior", sublinhou Alfredo Amaral, que assumiu também o cargo de responsável pela PSA em Portugal.
A PSA Peugeot Citroën anunciou hoje que vai cortar 8.000 postos de trabalho em França devido a uma quebra acentuada no mercado europeu que originou perdas no primeiro semestre do ano na ordem dos 700 milhões de euros.
Esta decisão poderá afetar cerca de 300 lusodescendentes, disse à Lusa o embaixador de Portugal em Paris, Francisco Seixas da Costa.
Segundo um comunicado da PSA Peugeot Citroen, a decisão está enquadrada num plano de reestruturação que pretende recuperar a competitividade da empresa, acrescentando que a quebra nas vendas na Europa no primeiro semestre provocou uma queda de 18% nas vendas do grupo francês, "muito exposto à Europa do Sul".
O maior fabricante de automóveis de França e o segundo da Europa, depois do alemão Volkswagen, disse esperar que o mercado europeu registe este ano uma quebra de oito por cento e que o seu negócio caia consequentemente 10 por cento, salientando necessitar de se ajustar a esta realidade perante perspetivas de agravamento da situação.
A utilização da capacidade das fábricas europeias caiu para 76 por cento nos primeiros seis meses do ano, comparando com 86 por cento do mesmo período anterior, esperando-se prejuízos de 700 milhões de euros nos seus resultados operacionais entre janeiro e junho.