A decisão da agência de "rating" norte-americana Moody's de colocar a Alemanha com perspetiva negativa, devido a eventuais encargos de Berlim com outros parceiros europeus, levou hoje vários políticos alemães a reforçar exigências à Grécia.
Corpo do artigo
"Um terceiro pacote de ajudas à Grécia não está em questão e as verbas do pacote atual só devem ser transferidas se a Grécia cumprir todas as condições", disse ao tabloide Bild o chefe dos democratas-cristãos da Baviera (CSU), um dos partidos da coligação de Angela Merkel, Horst Seehofer.
Para o governador da Baviera, "a Europa já atingiu os limites do aceitável" com os dois resgates à Grécia no valor de 240 mil milhões de euros e o perdão de mais de 50 por cento da dívida pública deste país da moeda única, nos últimos dois anos.
Por seu turno, o deputado Michael Meister, especialista em assuntos financeiros do partido de Merkel, a CDU, disse ao jornal Rheinische Post que se prolongar os prazos do memorando de entendimento entre a Grécia e a "troika" da União Europeia, Banco Central Europeu e FMI significa também mais dinheiro, "isso não é exequível".
Patrick Döring, secretário-geral dos Liberais, outro partido do executivo de centro-direita em Berlim, aconselhou mesmo a Grécia a sair voluntariamente do euro "para gerar mais confiança nos mercados", em declarações ao matutino Passauer Neue Presse.
A linha oficial do Governo alemão, porém, foi reiterada na segunda-feira pelo porta-voz adjunto do executivo, Georg Streiter: Berlim aguarda o próximo relatório da "troika", previsto para setembro, para se pronunciar sobre a Grécia.
Segundo cálculos do Dekabank, se a Grécia sair do euro, a Alemanha poderá ter de suportar custos da ordem dos 83 mil milhões de euros.
Nesta soma estão incluídas as contribuições de Berlim de 15 e 22 mil milhões de euros para os primeiro e segundo resgates da Grécia e ainda 13 mil milhões de euros resultantes de compromissos assumidos pelo Banco Central Europeu.
Berlim teria de suportar ainda 30 mil milhões dos 106 mil milhões de euros de dívidas contraídas pelo banco central helénico junto dos congéneres europeus, através do chamado sistema Target, e uma quota de três mil milhões de euros que deriva das transferências do FMI para Atenas, refere ainda o Dekabank.