O presidente do grupo José de Mello disse quinta-feira à noite, no Porto, que Portugal vai confrontar-se com uma "situação preocupante" devido, nomeadamente, à crise financeira da Grécia, aconselhando por isso "uma actuação decidida".
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Vasco de Mello lembrou que o endividamento e o défice público portugueses são muito elevados e acrescentou que "o primeiro impacto" do problema grego será sobre as condições de acesso ao financiamento, que, em sua opinião, serão "mais gravosas".
"A crise será profunda e a saída será longa", completou o empresário, que foi o orador convidado de mais um jantar-debate da Associação Portuguesa de Gestão e Engenharia Industrial (APGEI), uma instituição que tem mais de 400 associados individuais e 60 empresariais.
Vasco de Mello falou sobre "Gestão de uma holding familiar e a criação de valor: objectivos e consequências", dirigindo-se a um plateia constituída por mais de 170 gestores, vários deles membros de grupos empresariais de forte pendor familiar.
Tomás Azevedo, neto do empresário Belmiro de Azevedo, foi um dos participantes, por sinal o último a chegar, tendo ocupado um lugar discreto.
O jovem ouviu Vasco Mello dizer que o pai e fundador do grupo homónimo, José Manuel de Mello, se preocupou em envolver os filhos no dia-a-dia e na liderança das empresas.
José Manuel de Mello, que morreu em Setembro último, com 81 anos, teve 12 filhos e quatro deles desempenham actualmente funções na cúpula do império por si criado.
"O meu pai envolveu os seus filhos na escolha do seu sucessor, que fui eu", reforçou Vasco de Mello.
No entanto, o empresário realçou que, no Grupo Mello, "a intervenção nos negócios é feita por profissionais".
"Se houver profissionais na família tanto melhor", observou.
Brisa, CUF, José de Mello Saúde e Efacec e uma participação de 4,9 por cento no capital da EDP são as estrelas do actual universo Mello, a par, também, de uma operação no ramo imobiliário.
Na Saúde, por exemplo, o grupo Mello é o principal actor privado português do sector e, segundo adiantou Vasco de Mello, no final do próximo semestre, inaugurará um "hospital generalista" no Porto, junto à Estrada da Circunvalação.
O grupo aposta na "diversificação dos negócios", na convicção de que assim consegue, nomeadamente, minimizar custos e uma "gestão eficiente".
"A diversificação está no ADN do grupo desde a sua fundação", frisou Vasco de Mello na sua intervenção, indicando que os alvos preferenciais são os "negócios maduros, em crescimento acelerado e embrionários".
Na última década, o Grupo Mello, que mudou profundamente o seu portfolio de activos, nomeadamente com a saída da área financeira e seguradora, um forte investimento na saúde e a entrada na Efacec, aqui associado à Têxtil Manuel Gonçalves.
A sua ambição passa agora por "ser o grupo económico português com maior crescimento e criação de valor nas suas áreas de actuação".