O presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos, António Domingues, apresentou a demissão, revelou este domingo o Ministério das Finanças.
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PCP
O dirigente comunista Jorge Pires desejou uma Caixa Geral de Depósitos que ajude a economia portuguesa, sem atender aos "falsos argumentos" de CDS-PP e, sobretudo, PSD que "escondem o objetivo da privatização" do banco público.
O membro da comissão política do Comité Central do PCP não deixou, no entanto, de lamentar as "decisões erradas" do Governo socialista, além do ato "inútil" em que consistiu a aprovação na passada semana de uma alteração legislativa, proposta pelo PSD e viabilizada por CDS-PP e BE, para que os administradores de instituições de crédito integradas no setor empresarial do Estado ficassem abrangidos pelas normas constantes do Estatuto do Gestor Público (EGP), designadamente a apresentarem os seus rendimentos ao Tribunal Constitucional (TC).
"Houve mais um episódio, na passada semana, na Assembleia da República, de votação inútil de uma proposta de forçar a aprovação de uma lei que obrigava a concretizar uma lei em vigor e da qual o TC está a tratar, no sentido de forçar os administradores da CGD a mostrarem os seus rendimentos. Serviu como mais um argumento", disse Jorge Pires, para o presidente da administração da CGD, António Domingues, apresentar o pedido de demissão.
BE
A deputada do BE Mariana Mortágua considerou que a demissão de António Domingues da presidência da Caixa Geral de Depósitos "já só peca por tardia" porque "quem não reconhece a lei não serve" para o banco público.
"A demissão de António Domingues da presidência da administração da Caixa Geral de Depósitos já só peca por tardia. O inexplicável arrastamento deste processo ao longo de três meses foi prova de uma irresponsabilidade que agora se encerra". Na opinião da deputada bloquista, "quem não reconhece a lei não serve para a Caixa Geral de Depósitos", defendendo que "quem se demite por não estar disposto às regras de transparência a que o cargo obriga, nunca esteve à altura de assumir esse cargo.
CGTP-IN
O secretário-geral da CGTP-IN disse que não ficou surpreendido com a demissão do presidente da Caixa Geral de Depósitos e considerou que esta "novela", da qual todos saem com a "imagem chamuscada", já devia ter terminado há muito tempo.
"Esta é uma novela que já devia ter terminado há muito tempo e, portanto, a partir deste momento, com a demissão do dr. António Domingues, esperamos sinceramente que possamos passar uma nova fase e neste caso concreto encontrar um novo conselho de administração que seja mais diminuto, seja mais reduzido, cujos salários sejam mais baixos e, acima de tudo, tenha uma visão estratégica de gestão da Caixa Geral de Depósitos diferente daquela que é feita no setor privado", afirmou à agência Lusa Arménio Carlos, responsável da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses Intersindical.
UGT
O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, defendeu que o Governo deve ser célere na nomeação de uma nova administração para a Caixa Geral de Depósitos, na sequência da demissão do presidente do conselho de administração.
"Esta é uma responsabilidade, acima de tudo, do dr. António Domingues e dos elementos que estavam nomeados para a administração, mas caberá ao Governo, também no princípio da boa-fé, atuar já com toda a celeridade no sentido de tapar este buraco", afirmou à agência Lusa Carlos Silva.
Comissão de Trabalhadores da CGD
O coordenador da Comissão de Trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) alertou hoje que não pode haver um vazio no banco e pediu que seja encontrada rapidamente uma solução após a demissão do presidente do conselho de administração.
"Obviamente, estávamos com esperança de que o dr. António Domingues pudesse levar a cabo esta tarefa. Entendemos também que temos de ter um conselho de administração, que não pode haver um vazio na Caixa e que é fundamental que a tutela delibere rapidamente uma solução para este tipo de problema", afirmou à agência Lusa Jorge Canadelo.