Inflação

Medidas do Governo "vêm tarde", diz presidente da Jerónimo Martins

Medidas do Governo "vêm tarde", diz presidente da Jerónimo Martins

O presidente e administrador-delegado da Jerónimo Martins considerou, esta quinta-feira, que "vem tarde" a intenção de medidas do primeiro-ministro, numa altura em que vai haver um "certo alívio da inflação", talvez até para "custar menos".

Pedro Soares dos Santos falava em Lisboa na conferência de imprensa sobre os resultados do grupo Jerónimo Martins em 2022.

Questionado sobre as declarações do primeiro-ministro, António Costa, na quarta-feira, o responsável disse que primeiro é preciso ver concretamente de que se trata e que qualquer negociação neste âmbito é feita em sede da APED - Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição.

PUB

Na quarta-feira, o primeiro-ministro anunciou que o seu Governo vai trabalhar com os agentes da cadeia alimentar para garantir uma redução do preço dos bens alimentares, admitindo baixar o IVA.

Questionado sobre se estas eventuais medidas ainda vão a tempo de mitigar impactos, o presidente da Jerónimo Martins considerou que tardam. "Estas medidas vêm tarde", numa altura "em que vai haver um certo alívio da inflação, já chegaram tarde e, por isso, se calhar elas já vêm nessa altura para custar menos", afirmou o gestor.

Isto porque "acho que a União Europeia voltou a anunciar que a dívida pública tem de ser controlada, o défice tem de voltar aos números anteriores" e, como não foi resolvido no passado, "nos tempos das vacas gordas", agora vai ter de ser feito "no tempo das vacas magras", acrescentou.

"E só há uma forma de resolver isto, é cobrar mais impostos, o resto é conversa", rematou, porque "o Estado não gera lucros, só sabe cobrar impostos".

E, portanto, "isto vai acontecer e eu acho que nós vamos passar um mau bocado outra vez este ano com a história das taxas de juro", sublinhou o presidente da Jerónimo Martins, que já há exatamente um ano tinha manifestado preocupação com os juros e com o nível da dívida.

"Repare no que está a acontecer no setor bancário: estamos outra vez numa nuvem que não sabemos", advertiu. "Sem lucros e tendo dinheiro eu sei sobreviver, porque se eu depender dos bancos não sabemos o que é que vai acontecer", avisou o gestor, apontando o que se passou recentemente com o Crédit Suisse.

Esta história do Crédit Suisse e do UBS "não está bem contada, se calhar se falarem com o António Horta Osório ele conta-lhes tudo o que lá se passou e por que é que teve de sair", disse Pedro Soares dos Santos aos jornalistas.

Na sua opinião, o mundo ainda vai viver "muitas incertezas" e é preciso estar atento ao que a Reserva Federal norte-americana (Fed) está a fazer.

"Uma coisa que para mim é sagrada neste negócio é gerar caixa para não depender dos bancos", concluiu Pedro Soares dos Santos.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG