Uma década depois de nascer em Vila Real, onde ainda hoje é uma casa de sucesso, a Forneria expande-se pela primeira vez e chega à capital, com uma nova morada em Campo de Ourique. As francesinhas e as pizas são os cabeças-de-cartaz.
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Vivem em Lisboa há já vários anos, mas Rui e Jorge Pião são naturais de Fafe, crescendo entre as margens dos rios Vizela e Ferro. Sempre que a dupla de irmãos minhotos rumava ao norte para visitar os pais, fazia um desvio em Vila Real, não só pela ligação afetiva a esta localidade - foi aqui que estudaram, nas áreas da aviação e da enfermagem -, mas também para comer as francesinhas da Forneria, restaurante que ali abriu portas há onze anos. "Tornou-se quase uma rotina familiar nossa. O restaurante tem um nome muito forte e funciona muito bem. As pessoas vão logo cedo pela manhã fazer fila para o almoço", explica Rui.
É por isso que, quando surgiu a ideia de um franchise, os dois agarraram essa oportunidade, ao lado de mais um amigo, e criaram uma segunda morada da Forneria, que chegou recentemente a Campo de Ourique. "Queremos que esta seja uma casa bairrista, numa zona da cidade que fosse tradicional e não sazonal", conta o proprietário sobre o espaço, com duas salas distintas que albergam até 70 comensais.
A maior parte da carta é alimentada pelo forno a lenha, a começar pelas francesinhas, as estrelas da casa, servindo-se mais de 600 numa só semana. Há cerca de uma dezena de variedades, desde a tradicional, com alcatra de vitela, às versões com peru, leitão, camarão e delícias do mar, ou a vegetariana e vegana, por exemplo. O pão é feito da base da massa de piza, o que impede que fique demasiado ensopado no molho da francesinha. À exceção do leitão, que vem de Negrais, um dos templos nacionais desta iguaria, a ideia é manter a "alma nortenha" no restaurante, e caso disso são as carnes que vêm de Vila Real e os enchidos chegam do Mercado do Bolhão.
O protagonismo na carta partilha-se com as pizas de inspiração napolitana, com massa leve e crocante, fruto de dois processos de fermentação, um descanso inicial de 24h e outro consequente de 48h. Seja em versão de molho de tomate ou branco, pode escolher-se entre mais de 20 pizas. Entre os destaques, está a 10 Anos D"Oro (criada para assinalar a primeira década da morada de Vila Real, com mozarela fior di latte, creme de trufa negra, pistacho, rúcula, burrata, presunto de Parma trufado, tomate semi seco e azeite aromaticado) e a Aladino (com tomate San Marzano, cogumelos frescos, fiambre, salame picante de Nápoles, alho francês, gorgonzola e pimentos). Esta última, de resto, venceu o terceiro lugar na categoria de pizas clássicas, na nona edição do Campeonato Português de Pizza, no ano passado, evento organizado por cá pela Associazione Sapori Italiani.
Massas, focaccias e bruschettas também têm lugar na carta do restaurante, que aposta ainda em menus de almoço nos dias úteis. O fondant de chocolate com creme de pistacho e gelado deste mesmo; e o crumble de maçã com gelado de baunilha negra, caramelo e redução de rum são alguns dos doces da Forneria. Nas bebidas, destaque para o leque de cervejas artesanais, com rótulos nacionais e europeus, e as sangrias que refrescam os dias de verão.
Máscara veneziana feita de metal
Pesa cem quilos, é feita de 4000 porcas de metal e levou 92 horas a criar. A máscara veneziana da autoria do artista plástico Basílio, chama atenções assim que se entra na Forneria. Inspirou-se no Carnaval de Veneza, até pelas obras de artistas venezianos que estão expostas no restaurante, mas também pela decoração industrial do restaurante, e pelo próprio forno da casa, ao trabalhar com metal e fogo. "A ideia foi casar aqui vários mundos, com alguma simplicidade, num conceito diferenciador. É interessante pegar nestes pormenores todos e fazer esta ligação através da arte", explica Rui Basílio.
Um projeto "desafiante", acrescenta o artista eborense licenciado em Design Industrial, a viver em Porto de Mós desde criança, mas frisa: "É este stress que me motiva em cada projeto". Gosta de criar "mini casamentos concetuais" nas suas obras, até porque não faz "qualquer coisa só por acaso". "Para as coisas serem valorizadas, devem ter uma justificação, e é essa justificação que faz as pessoas olharem para uma peça de forma mais atenta e sensível", diz. Já levou a sua arte a locais como Brasil, Holanda, Maldivas e China, e recentemente criou o maior mural outdoor da A1, em Santa Maria da Feira.
Forneria
Rua de Campo de Ourique, 171, Lisboa
Tel.: 218280624
Web: forneria.pt
Das 12h às 15h30 (cozinha encerra às 14h30) e das 19h às 00h (cozinha até às 22h30). Encerra domingo.
Preço: pizas desde 12 euros; francesinhas desde 13 euros. Menu de almoço a 14,50 euros, dias úteis (prato e bebida).