No Alentejo, tudo de novo: de um palacete em Moura à alta cozinha do Convento do Espinheiro
No mais recente projeto do Grupo Convento do Espinheiro, de Évora, o charme de um edifício histórico e o conforto moderno - e ao mesmo tempo simples - aliam-se no boutique hotel Amada Moura, proporcionando descanso e contemplação.
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Nos dias de canícula como os que Moura conhece, tão perto do lago artificial Alqueva, o interior do Amada Moura mantido fresco pelas grossas paredes surge como um bálsamo. À chegada, a equipa deste hotel boutique também ajuda a baixar a temperatura corporal com a oferta de um copo de espumante ou sumo fresco de laranja e uma fatia de bolo, em sinal de boas-vindas ao Alentejo. Cumpridas as breves burocracias, é com afã que os hóspedes se instalam, ocupando os nove quartos de várias tipologias, enquanto a piscina no pátio interior clama por "bon vivants."
Encaixado no pátio interior perfumado por um solitário limoeiro, o espelho de água azul oferece as dimensões certas quando tudo o que se quer é arrefecer e dar umas braçadas. Paredes em tijolo burro e arcadas lembram o tanto que os povos Al-Andalus deixaram de herança no Sul do país, com uma brancura que oscila entre luz e sombra. Recuperado até ao mais ínfimo detalhe aquando da conversão no Amada Moura, o Palacete dos Garcias, do século XVIII, manteve os tetos abobadados, restaurou os frescos originais e é o aspeto familiar que o torna interessante.
"A família Camacho [com raízes madeirenses e proprietária do Convento do Espinheiro Historic Hotel & Spa, em Évora] gosta muito do Alentejo e como tal comprou este palacete para lhe dar uma nova vida", contextualiza Carlos Matuto, diretor comercial do grupo. As divisões de origem, mantidas como sala de estar com jogos de tabuleiro, TV e uma lareira de chão e dependências da cozinha, deram lugar também a três tipologias, todas com máquina de café, roupão de linho e chinelos. Na decoração, mobiliário restaurado e flores secas têm dedo de Susana Camacho.
Dos quatro quartos Deluxe, com acesso direto à piscina, apenas um fica no piso superior. Existem dois Deluxe Superior, mais espaçosos e luminosos com cama king size, e um par de suítes de conforto majestoso, com tetos brancos abobados. Comum a todos são os produtos de higiene Benamôr e as casas de banho claras, com chuveiros com "efeito de chuva" e pias de mármore. Após uma boa noite de sono, espera os hóspedes um pequeno-almoço buffet com ovos feitos no momento, pão alentejano, queijos e charcutaria locais, um convite a espreguiçar no terraço.
De Moura a Évora
"No Amada Moura, os hóspedes são recebidos como amigos de casa e podem ter experiências que cruzam o bem-estar, a cultura, a gastronomia e a natureza", complementa Carlos Matuto. É também o mais recente membro do grupo do Convento do Espinheiro, que este ano comemora 20 anos como o primeiro hotel de cinco estrelas do Alentejo e que há pouco mais de dois anos abriu o Cenoura-Brava, com quatro suítes e um T2 adjacente, numa recuperada quinta agrícola de 1950, colada ao hotel. As mordomias integram piscina e uma sala de estar com bar honesto.
A seu tempo, o restaurante regressará com um conceito "imersivo", ideia do chef Duarte Batista, em torno dos produtores e sabores regionais. Enquanto isso, é de interesse reservar uma mesa no restaurante Divinus, para provar robalo e lavagante com arroz de berbigão; bacalhau e falsa miga de azeitona e caldo de coentros; ou tártaro de atum dos Açores com molho de maracujá e batata-doce. Com 20 anos de carreira em hotelaria de luxo, Duarte sabe bem como inovar sem beliscar a tradição, elevando com influências internacionais o receituário alentejano e nacional.