No novo D'Arlete, em Portimão, há cozinha moderna temperada com amor (e brunch)
Um criativo chef, um fotógrafo retratista e uma profissional de sala com tarimba nos hotéis de cinco estrelas abriram, na zona ribeirinha de Portimão, o D"Arlete. Nesta homenagem familiar em formato de restaurante, a comida de conforto dá a mão ao vinho e até a um brunch.
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Os azulejos verdes escuros no chão e no balcão, que separa a sala da cozinha de nove metros quadrados, dialogam com a brancura das paredes, com o preto das mesas e a madeira quente das cadeiras. É quase como se um pouco da floresta Laurissilva ali estivesse, a citar as origens madeirenses de Robson e da sua mãe Arlete, que durante décadas geriu ali uma mercearia de proximidade. Agora, nas mãos do marido Jan Stechemesser e da sua amiga Vera Gaspar, com quem Jan criou uma grande amizade, o D"Arlete presta-lhe uma homenagem, com muito amor. "Sempre me dei bem com a minha sogra", conta sorridente o chef de origem alemã, a trabalhar em Portugal há 23 anos, mas ainda com sotaque.
Com um percurso essencialmente vivido nos hotéis e restaurantes algarvios de topo, Vila Joya e São Gabriel incluídos, Jan manteve-se sete anos nas cozinhas do boutique hotel Grand House Algarve, em Vila Real de Santo António, até atingir um ponto de saturação. "Se é para termos tantas dores de cabeça, mais vale termos um negócio próprio em que possamos fazer a comida e bebida à nossa maneira", ponderou então.
Partilhando a mesma forma de estar e de pensar na hospitalidade e na cozinha, Vera e Jan são os anfitriões do D"Arlete. Enquanto ela recebe e acompanha a sala, ele ocupa-se de fazer tanto e tão bem na cozinha exígua (com equipamentos encaixados ao milímetro), com uma liberdade criativa e de gestão que a hotelaria já não conseguia dar-lhes. "Consigo ter o luxo de ir comprar peixe, marisco e frutas ao mercado de Portimão e de trabalhar com pequenos produtores. Se já não houver determinado produto naquela época, substituo", explica, falando já do menu estival.
Nas entradas, a sopa fria de pepino e iogurte grego permite afinar bem o tom mediterrânico das propostas, que prosseguem com um tomahawk de vitela e espargos verdes, cogumelos shitake e jus de vinho do Porto; e massa com amêijoas, nos principais. Mantêm-se também o carpaccio de vieiras com salada de funcho, laranja e cajú picante (a gritar por uma margarita de maracujá bem fresca); o tarantelo de atum selado com salada de algas e manga, a tão algarvia alcagoita, cebola roxa e sésamo; e os tacos de tártaro de novilho - tudo pratos que têm já fiéis comensais.
Ligeiras mudanças no empratamento destas receitas conferem, por sua vez, a frescura que se pede. Para adoçar o final da refeição no D"Arlete, o chef Jan Stechemesser envia agora figos frescos marinados em vinho do Porto com gelado de chocolate negro, amêndoa e chantili e, ainda, um tão apelativo quanto saboroso cannoli de alfarroba recheado com chocolate negro e banana da Madeira em rum escuro, para agradar aos chocólatras. Em matéria líquida, o chef confia as decisões a Vera. Entre as 30 referências há sobretudo brancos e pequenas colheitas.
Aos domingos, o D"Arlete acena aos portimonenses e turistas com um brunch que é quase uma "degustação do menu", e cujo valor de 29 euros inclui um café e um sumo de fruta natural, por pessoa. Incluídos estão uma seleção de pães e pastelaria artesanais, carnes frias e queijos de vários tipos, e ovos mexidos trufados em bolo do caco. Ceviche, bruschetta de sardinha, prego à madeirense e taco de novilho estufado compõem os principais. Nos doces, também há muita opção. Quartas-feiras são sinónimo de petiscos e DJ na esplanada enquanto o sol se esconde.
D"Arlete
Rua Santa Isabel, 71, Portimão
Tel.: 933 549 421
Web: darleterestaurante.com
De quarta a sábado, das 12h às 15h e das 18h30 às 22h.
Domingo, das 12h às 15h (brunch). Encerra à segunda e terça.
Preço médio: 38 euros