No produtor vínico algarvio Cabrita Wines, a casta Negra Mole dá espumantes únicos
A Cabrita Wines, em Silves, no Algarve, produz vinhos com as suas uvas desde 2007, hasteando orgulhosamente a casta Negra Mole como bandeira. Dela nasce o Cabrita Espumante Blanc de Noir 2016, um vinho brut nature com bolha fina e que quase derrete na boca, ideal para pratos com gordura.
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Ambos os espumantes da Cabrita Wines, instalada na Quinta da Vinha, no Sítio da Vala, em Silves, são feitos com a casta Negra Mole, nativa do Algarve e a segunda mais antiga do país, e fazem a boca salivar por mais. De tal forma que o rosé esgotou a edição de 2013, lançada no mercado em 2022, e deverá regressar ao mercado, com a edição de 2014, no final deste ano. O Cabrita Espumante Blanc de Noir, um vinho branco de uvas tintas, é todavia o mais acarinhado, premiado inclusive com medalhas de ouro, e aquele que tem granjeado elogiosos ecos internacionais, diz o responsável de enoturismo Duarte Tito.
A produção respeitou o método tradicional, ou seja, contemplou uma segunda fermentação alcoólica dentro da garrafa. Antes, o vinho base, vindimado em 2016, estagiou em inox e em barricas de carvalho francês com 20 anos ("praticamente neutras", abstendo-se de dar muita cor ou estrutura ao vinho) durante dois anos. No final deste período, já engarrafado, recebeu o licor de dosagem (mistura de leveduras, açúcar para produção de vinho e agentes clarificantes) cujas leveduras foram consumindo o açúcar, transformando-o em álcool e libertando as bolhas.
À medida que este processo decorria, com as garrafas colocadas na posição horizontal inicial, as leveduras mortas começaram a depositar-se. "Para que no final consigamos retirar o depósito sólido acumulado no gargalo por ação da gravidade, temos de inclinar a garrafa todos os dias um pouco de cada vez, até ao ângulo de 90 graus", processo denominado de remuage. Já em 2020, o processo de degorgement retirou as leveduras mortas e foi adicionado o licor de expedição, cuja quantidade de açúcar define a "identidade do vinho".
O Cabrita Espumante Blanc de Noir 2016 tem entre zero a três gramas de açúcar por litro de vinho, "o mais seco que há em espumantes". É, por isso, um brut nature. "Preferimos fazer vinhos secos, porque queremos que sejam mais gastronómicos, mas também capazes de ser bebidos a solo", explica Duarte. Avaliado sensorialmente, distingue-se pela cor cítrica e pelos aromas a "leveduras, massa de pão, biscoitos e fruta branca madura" no nariz. Porém, são as bolhas o aspeto mais interessante: um fio "muito longo de bolhas leves e quase impercetíveis".
As sugestões de consumo apontam para pratos com mais gordura ou com acidez equiparada à do vinho, como ostras e canapés frios à base de peixe ou camarão. Também vai bem com tártaro de carne. A produção de José Manuel Cabrita, assinada pelos enólogos Dinis Gonçalves e Joana Maçanita, dá-se a conhecer nas provas da tarde, que se iniciam às 16 horas, com quatro vinhos premium, que incluem uma visita guiada à vinha, à adega e à sala das barricas. Já a sessão das 11.30 horas é dedicada a três vinhos clássicos, com prova de petiscos com produtos locais.
Cabrita Wines
Quinta da Vinha, Sítio da Vala, Silves
Tel.: 911 113 176
Web: cabritawines.com
Visitas e provas de segunda a sexta, às 11h30 e às 16h, sob marcação
Provas desde 30 euros, com 3 a 4 vinhos e tábua de queijos e enchidos.
Preço do espumante: 34,50 euros, disponível na loja online e em supermercados em Silves