Há uma nova travessia fluvial que liga o Cais do Ouro, no Porto, e a Afurada, em Vila Nova de Gaia. A viagem é curta e prazerosa, mas sobretudo prática para quem precisa atravessar o rio diariamente. Serve também quem quiser explorar as duas margens em lazer, com um breve passeio de barco pelo meio.
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As duas margens do rio Douro voltaram a ficar mais próximas com a retoma da travessia de barco entre o Cais do Ouro e a Afurada, após um interregno de vários anos. O serviço estava pendente desde 2019, mas ambas as autarquias vinham a manifestar interesse em reativar a ligação, que está agora a cargo da empresa Transportes Metropolitanos do Porto (TMP). “Foi-nos pedido para arrancar a tempo do São Pedro”, informa Marco Martins, Presidente do Conselho de Administração da TMP. E assim cumpriram. A viagem inaugural do ferry aconteceu no fim de semana da grande festa da Afurada, e a adesão superou as expectativas. Desde então, “tem sido um sucesso”, afiança o responsável. “Para já estamos a fazer uma operação experimental, até 25 de outubro, para ter dados de procura, depois o nosso objetivo, se a procura se justificar, é fazer um concurso de concessão, para ter um serviço mais regular e até um barco com mais lotação”, explica Marco, que admite ainda a possibilidade de futuramente criar mais ligações noutros pontos do rio Douro.
A embarcação atual tem capacidade para 20 pessoas, e por cada viagem pode levar até duas bicicletas. Para viajar é possível utilizar o Andante (aplica-se a tarifa Z2, que corresponde a 1,40 euros), os passes metropolitano e municipal, ou adquirir o bilhete a bordo, pelo valor de 2,25 euros por viagem. “A grande vantagem da travessia agora é que tem o tarifário Andante e portanto o cidadão vai daqui entra no autocarro e não tem mais custo nenhum. E se for e voltar dentro da mesma hora só paga um bilhete”, realça o presidente. Em ambos os lados há acesso à rede de transportes públicos terrestres, sejam os autocarros da STCP ou da empresa metropolitana Unir.
O barco cruza o rio todos os dias, com horários regulares. A operação tem início às 7h30, no sentido Afurada-Cais do Ouro, e a última viagem sai às 20h do lado do Porto (ao fim de semana, o serviço prolonga-se até às 22h). Para já, fazem-se 13 ligações diárias de segunda a quinta, e ao sábado; 15 travessias à sexta-feira e 11 ao domingo. As saídas, em cada margem, acontecem de hora em hora.
A viagem, emoldurada pela Ponte da Arrábida e a Reserva Natural Local do Estuário do Douro, é curta e prazerosa. Dura apenas 5 ou 6 minutos, oferecendo uma alternativa prática e consideravelmente mais breve ao transporte rodoviário, para residentes e turistas. Além de facilitar a travessia a quem vive e trabalha em margens opostas, também serve quem procura estas zonas em lazer, quer seja para ir comer um peixe grelhado à Afurada e ver o pôr do sol na marina, ou passear na marginal ajardinada do Porto.
Centro Interpretativo do Património da Afurada
É um lugar de memórias, no coração da Afurada, criado pela comunidade e para a comunidade, para preservar e divulgar a identidade e as tradições desta vila piscatória. O espólio reúne objetos, em grande parte doados por moradores locais, como os barcos em miniatura, os trajes tradicionais e os utensílios de pesca, mas também documentos históricos e testemunhos orais de histórias, lendas e costumes.
Pedro Lemos
Orgulhoso detentor de uma estrela Michelin desde 2014, o restaurante Pedro Lemos - dirigido pelo chef homónimo - trocou no final do ano passado a morada original, na Foz Velha, por um edifício mais amplo, de tetos altos e janelas rasgadas para o rio Douro, na Rua do Ouro. A transição trouxe um novo bar e um balcão exclusivo, mas manteve os pratos clássicos, representativos de uma cozinha que honra a natureza, os seus produtos e a sazonalidade. Para descobrir ao longo do menu de degustação, com sete capítulos, ou em menus personalizados, de quatro momentos, compostos a partir da oferta à carta.
Barraca do Ouro
Ao sair do barco na margem portuense, ou enquanto se espera pela próxima saída para Gaia, encontra-se sombra e um refresco na esplanada da Barraca do Ouro, instalada ali mesmo ao lado do cais, sob os grandes plátanos. As mesas e espreguiçadeiras distribuídas ao longo de uma varanda sobre o rio oferecem uma vista de luxo para a foz do Douro, especialmente convidativa nos finais de tarde, na companhia de uma tábua de queijos e enchidos, ou outros petiscos, e uma cerveja gelada.