
A imigração tem sido um tema bastante abordado por vários motivos e com alguma desinformação à mistura
Foto: Lusa
JNTAG - A ajuda nota-se a vários níveis: no mercado de trabalho, na taxa de natalidade, na revitalização da economia, na diversidade cultural. Tanto em Portugal, como noutros países. Os imigrantes fazem a diferença.
Mais gente, mais consumo
A imigração tem vindo a preencher lacunas no mercado de trabalho em Portugal, sobretudo na área da agricultura, no setor da restauração e da hotelaria, no turismo e na construção civil. O aumento da força de trabalho é inegável. Por outro lado, mais gente significa mais consumo, mais a economia pula e avança. A revitalização económica é uma evidência. Além disso, a taxa de natalidade sobe, a demografia respira, mais nascimentos, mais crianças e jovens que vêm com os pais imigrantes, ajudando a contrariar a realidade de um país envelhecido. E abrem-se outras perspetivas porque gente de outros lugares significa novas culturas, diversidade cultural.
Os milhões que entram na Segurança Social
Vamos a números. Os trabalhadores estrangeiros representam um importante contributo para a Segurança Social em Portugal. Em 2023, as contribuições sociais dos imigrantes representaram mais de 2,6 mil milhões de euros. No ano passado, em 2024, esse contributo foi de 3,6 mil milhões de euros, um valor recorde (os brasileiros representam 36,7% desse total, seguindo-se os indianos com 6,6%, os nepaleses com 4,3%, os cabo-verdianos com 3,9% e os angolanos com 3,5%). A quantia que os imigrantes colocam nos cofres da Segurança Social é cinco vezes superior ao que é pago em prestações sociais.
O que é que estes milhões significam? Muita coisa. Mais mão de obra no país, mais contribuintes, impostos mais baixos. Quanto mais contribuições, mais alívio no orçamento familiar, menos carga fiscal para todos.
Imigração zero, metade da população
Portugal é um dos países da Zona Euro em que os imigrantes mais ajudam a reduzir os custos do envelhecimento. Se a imigração estanca, o país cai a pique no número de habitantes. Já há estimativas e não são nada animadoras. Em 2057, Portugal será um país com menos de 10 milhões, preveem-se 8,3 milhões em 2100. Isto se continuar a receber imigrantes, caso contrário, a população portuguesa descerá para 5,9 milhões até ao fim do século. Ou para 5,4 milhões, se a natalidade diminuir e os saldos migratórios forem muito baixos. Este cenário trará sérias repercussões em praticamente todos os setores da vida dos portugueses.
Integração e prosperidade
Contra factos não há argumentos. A imigração aumenta o PIB dos países, preenche vagas de emprego, estimula o consumo, compensa a baixa taxa de natalidade e o declínio populacional, garante a sustentabilidade do sistema de proteção social. Não só em Portugal. Países como a Alemanha, Espanha, Itália, beneficiam da força de trabalho imigrante para compensar a falta de mão de obra, devido ao envelhecimento e baixa natalidade. No Reino Unido, por exemplo, os profissionais imigrantes são fundamentais para o funcionamento de serviços públicos, sobretudo na área da saúde. A imigração contribui para o crescimento económico em países como os Estados Unidos, a Austrália e a Nova Zelândia, ao preencher falhas no mercado de trabalho, na saúde, na tecnologia, em áreas altamente qualificadas. Mais gente a trabalhar, menos fardo fiscal. Mais imigrantes satisfeitos, bem integrados, mais prosperidade.
O assunto e seus desafios
A imigração tem sido um tema bastante abordado por vários motivos e com alguma desinformação à mistura. Os números demonstram a sua importância a vários níveis, preenchendo necessidades sociais e económicas de vários países. Em Itália, por exemplo, o discurso anti-imigração começa a mudar. A notícia é fresquinha: o Observatório de Contas Públicas de Itália avisa que é preciso olhar para a crescente emigração de jovens italianos, para a queda da taxa de natalidade, para o envelhecimento da população. O Governo italiano tem anunciado a emissão de vistos de trabalho para resolver esses problemas. Outra questão bastante debatida é a integração dos imigrantes que está nas mãos dos decisores políticos que podem ou não ajudar no processo de adaptação. A integração exige um acompanhamento contínuo, apoios, programas. O Canadá, por exemplo, oferece incentivos para atrair trabalhadores imigrantes altamente qualificados.
