Os empresários de distribuição de tabaco queixam-se de uma onda de assaltos a máquinas que assola o setor do Norte ao Sul do país. Desde o início do ano, registaram centenas de furtos em cafés, pastelarias e outros estabelecimentos, onde estão colocados os aparelhos de venda automática. Os prejuízos são muito expressivos, incluindo os maços, o dinheiro, mas também as próprias máquinas que ficam, muitas vezes, totalmente destruídas.
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"Ultimamente têm havido muitos assaltos a máquinas de tabaco no interior de estabelecimentos. Está a aumentar bastante. Em toda a zona Norte, no Grande Porto e na Grande Lisboa temos registos de furtos. Nota-se bem que este tipo de criminalidade está a subir como nunca", explicou, ao JN, Helena Batista, presidente da Federação Portuguesa dos Grossistas de Tabaco.
Normalmente, os assaltantes escolhem estabelecimentos situados fora dos grandes centros urbanos, onde os cafés ou as pastelarias estão a quilómetros de distância da esquadra da PSP ou posto da GNR mais próximo. Assim, as autoridades demoram mais a chegar, deixando tempo suficiente para os assaltantes atuarem.
De acordo com empresários do setor, verificam-se dois tipos de assaltos a máquinas de tabaco. Num dos casos, os ladrões atuam encapuzados para não serem identificados pelos sistemas de videovigilância, arrombam a porta do estabelecimento e destroem a máquina para abrir e recolher tabaco e dinheiro no interior.
No outro método, munidos de veículo previamente furtados, os assaltantes partem a montra do café ou pastelaria para chegar à máquina e carregá-la no meio de transporte. O aparelho distribuidor é depois aberto para ser sacado o tabaco e dinheiro. Em regra, tal acontece num local ermo onde é abandonado.
50 máquinas destruídas
Nos dois casos, o destino da máquina é comum. Vai para a sucata, o que representa grandes prejuízos para os distribuidores.
"Só na nossa empresa tivemos 50 máquinas de tabaco assaltadas desde o início do ano. O prejuízo é enorme. Apesar de serem pesadas, as máquinas são um alvo muito apetecível porque têm sempre valor. Ou têm dinheiro ou têm tabaco", explicou, ao JN, Paulo Serrano, da Sociedade Distribuidora de Tabaco (SDT), que tem uma rede de venda nas zonas da Grande Lisboa e centro do país.
Equipamentos custam 3 mil euros e seguros são elevados
De acordo com Helena Batista, da Federação Portuguesa dos Grossistas de Tabaco, uma máquina de venda automática custa cerca de três mil euros, o que representará o maior prejuízo de um assalto. Outro problema que os empresários enfrentam é o facto de os seguros praticarem preços demasiado altos para este setor. "Além dos preços, há demasiada burocracia e demora-se muito a receber. Depois existem tetos de reembolso que não cobrem os prejuízos totais", diz Paulo Serrano, da SDT.
Mão armada
A Sociedade Distribuidora de Tabaco foi, nos últimos 15 dias, alvo de dois assaltos à mão armada. Um em A-dos-Cunhados (Torres Vedras) e outro na Lourinhã. Os funcionários foram violentamente agredidos.
Escoamento
Em regra, o tabaco furtado é vendido em estabelecimentos onde os assaltantes oferecem os maços a menos de metade do preço legal.
Assaltantes presos
O Tribunal de Braga colocou ontem em prisão preventiva dois homens detidos pela GNR pela alegada autoria de 16 furtos, 11 dos quais de máquinas de venda de tabaco, em Braga, Vila Verde, Amares, Barcelos, Porto, Matosinhos e Vila do Conde.