O Tribunal de Guimarães condenou, a 17 anos de prisão, um jovem de Celorico de Basto pela morte do pai com 27 golpes de navalha. Agiu por vingança devido a maus-tratos e abusos sexuais de que foi vítima em criança.
Corpo do artigo
O coletivo de juízes deu como provado que Nuno Novais, de 29 anos, sofreu abusos sexuais até aos 13 anos por parte do pai, António Novais. O abusador de 58 anos acabaria morto à facada pelo próprio filho na aldeia de Veade, Celorico de Basto, a 7 de setembro do ano passado.
Agora, o tribunal de Guimarães condena o filho a 17 anos de prisão pela morte do pai e, apesar de ter dado como provado que Nuno Novais sofreu abusos sexuais e maus-tratos durante a infância, estes factos não serviram para atenuar a pena. O coletivo de juízes considerou "intolerável" que Nuno tenha ido a casa do pai "fazer justiça pelas próprias mãos", munindo-se de uma corda e uma navalha.
Inicialmente, o filho tentou asfixiar o pai com uma corda no pescoço, mas esta rebentou e foi aí que desferiu 27 facadas no homem, a maioria "com raiva" na zona do pescoço, deu como provado o tribunal. "O dolo é intenso", considerou o coletivo de juízes, ontem, quarta-feira, na leitura do acórdão. Depois de consumar o homicídio em casa do pai, o jovem fugiu do local, saiu do país e só foi detido pela PJ de Braga quando regressou a Portugal, cinco meses depois, em fevereiro deste ano.
Os abusos sexuais e maus-tratos de que Nuno Novais foi alvo até aos 13 anos não serviram de atenuante porque passaram decorreram 15 anos entre o fim dos abusos e o homicídio. "Não se compreende a sua reação passados tantos anos em que visitou o pai em qualquer discussão", disse o coletivo. O homem foi encontrado sem vida e com sangue na zona do abdómen, na casa onde vivia sozinho, perto do antigo apeadeiro da CP, na aldeia de Veade.
Durante o julgamento, o homicida assumiu os crimes de que estava acusado, concretamente o de homicídio qualificado, mas disse ter agido por vingança por causa dos maus-tratos e abusos sexuais que ele e a mãe sofreram durante vários anos. A mãe, testemunha, confirmou os abusos.
Pedro Campos, amigo de Nuno, foi condenado a cinco anos e meio de prisão efetiva por cumplicidade no crime. Segundo ficou provado, Pedro ficou de vigia à porta de casa do pai de Nuno, enquanto o jovem levava a cabo o homicídio.
Nuno foi ainda condenado a pagar um total de 76500 euros de indemnização a cada um dos três irmãos. Já Pedro terá de pagar 13500 a cada um. No final, a advogada de Nuno referiu que vai recorrer da decisão por considerar que a pena é excessiva.