O diretor de comunicação do F. C. Porto, Francisco J. Marques, revelou esta quarta-feira, em tribunal, que avisou a fonte dos e-mails do Benfica lidos no Porto Canal, cuja identidade desconhece, de que as Águias estariam "em cima dela".
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O contacto terá sido feito por correio eletrónico, no período de divulgação das mensagens, entre junho de 2017 e fevereiro de 2018.
O alerta foi tornado público por Francisco J. Marques ao precisar, no julgamento em que responde por oito crimes, qual tinha sido a intervenção do então diretor-geral do Porto Canal, Júlio Magalhães, no programa em que foram divulgados os e-mails subtraídos do sistema do Benfica.
Segundo o diretor de comunicação portista, Júlio Magalhães, igualmente arguido, não terá nem interferido no conteúdo do "Universo Porto da Bancada" nem tido conhecimento prévio das mensagens. Ainda assim, terão ocasionalmente falado sobre o assunto, incluindo depois de Luís Bernardo, à data diretor de comunicação dos encarnados, ter dito ao diretor-geral do Porto Canal que "estavam em cima" da pessoa na origem das mensagens.
Terá sido na sequência dessa conversa que remeteu o alerta à referida fonte. Como resposta, acrescentou Francisco J. Marques, recebeu uma troca de documentação, desse mesmo dia, entre elementos do Benfica, da PJ e de uma sociedade de advogados. No depoimento, não precisou a data em que tal ocorreu.
"Interesse público"
No total, o diretor de comunicação do F. C. Porto recebeu, em abril de 2017, cerca de 20 gigabytes de dados, incluindo caixas de correio eletrónico de três pessoas. A iniciativa da partilha terá partido do alegado hacker e os e-mails revelados terão sido selecionados por Diogo Faria, atual diretor de conteúdos do Porto Canal, e o terceiro arguido no caso.
Esta quarta-feira, Francisco J. Marques insistiu que tudo o que foi divulgado tinha "interesse público". "Estava em causa um sem número de práticas que não são razoáveis e não são aceitáveis", afirmou, referindo-se à alegada existência de um "polvo" do Benfica no mundo do futebol profissional.
O arguido desvalorizou ainda o facto de a informação ter tido origem em correspondência privada. Até porque, lembrou, "não existiriam" projetos como os Panamá Papers ou os WikiLeaks sem dados privados.
"Não vejo que tenhamos decidido mal", reiterou. O depoimento prossegue amanhã, quinta-feira, em Lisboa. O julgamento começou em setembro de 2022.