Mais de dez jovens agrediam e esfaqueavam para roubar dinheiro e telemóveis junto a escolas e ao metro. Vítimas também eram obrigadas a dirigir-se ao multibanco para levantarem todo o dinheiro da conta bancária.
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Um gangue composto por jovens entre os 16 e os 23 anos cometeu 21 assaltos violentos em pouco mais de quatro meses. Atuando em grupo, os suspeitos ameaçavam com facas e agrediam a soco e pontapé, sobretudo estudantes, junto a escolas e estações de metro, no Porto e em Vila Nova de Gaia. Nalguns dos episódios descritos pelo Ministério Público (MP) roubaram apenas moedas de um e dois euros, mas noutros obrigaram as vítimas a levantar 400 euros com os seus cartões bancários.
Estes 13 jovens começaram a ser julgados na semana passada e três deles já foram acusados este mês por mais crimes, noutro processo, juntamente com um quarto arguido.
Com a delinquência juvenil no topo das preocupações das autoridades, estes casos são conhecidos numa altura em que o número de menores internados em centros educativos por cometerem crimes também não pára de crescer (ler página seguinte), pondo em risco a capacidade de resposta do sistema.
O MP garante que os elementos do gangue "congeminaram entre si um plano" para roubarem o que pudessem. E dividiam-se em grupos para emboscar as vítimas. Os ataques eram combinados por telefone e os alvos selecionados de acordo com a sua vulnerabilidade. Quase sempre eram alunos, que caminhavam sozinhos para a escola ou regressavam a casa.
As vítimas eram abordadas, na rua e muitas vezes em pleno dia, e se, nalgumas situações, começava por lhes ser pedido um cigarro ou um euro, na maioria das vezes eram logo ameaçadas com facas ou agredidas a soco e pontapé. Foi o caso do primeiro assalto, no dia 4 de fevereiro do ano passado. Na Avenida da Boavista, Porto, um rapaz foi atingido com uma pancada na orelha, antes de lhe ser roubado todo o dinheiro: 1,5 euros. Maior prejuízo teve um jovem que, no dia 24 do mesmo mês, entregou um telefone de 700 euros, as sapatilhas de 150 euros e o cartão bancário perante as ameaças sofridas.
Já em março, o gangue atacou um estudante junto a uma das estações de metro de Gaia. Eram cerca de uma dezena e obrigaram o rapaz a passar no meio deles, agrediram-no e apontaram-lhe uma faca ao abdómen. Segundos depois, quando tentava fugir com a ajuda de um transeunte, o estudante foi esfaqueado nas costas pelo grupo, que fugiu do local sem nada roubar.
Os cartões bancários eram sempre um dos alvos e, em dez dos assaltos, o gangue levou as vítimas a um multibanco para as obrigar a levantar todo o dinheiro que tinham na conta ou o máximo permitido por dia.
Dois processos
Segundo o MP, dois dos membros do grupo, ambos com 18 anos, assumiram-se como líderes e "passaram a dedicar-se à prática reiterada dos ilícitos descritos, de forma incessante e galopante". Só pararam com os crimes quando foram detidos no início de junho do ano passado e postos em prisão domiciliária. Cinco dias antes, tinham roubado 540 euros, no Jardim da Cordoaria, no Porto. Os dois estão, juntamente com 11 comparsas, a ser julgados pelos crimes de roubo, ofensa à integridade física e abuso de cartão, dispositivo ou dados de pagamento.
E foram, já este mês, acusados de uma dezena de roubos. Esta segunda acusação incluiu mais dois jovens, de 18 e 19 anos, um dos quais também a ser julgado no primeiro processo.