Um homem foi recentemente acusado pelo Ministério Público de quatro crimes por ter denunciado falsamente às autoridades e nas redes sociais que a mãe tinha sido raptada da própria casa, na Grande Lisboa.
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Numa das queixas, o suspeito chegou a identificar as duas alegadas sequestradoras, que, concluiu mais de dois anos depois a investigação, não tinham afinal praticado qualquer crime, refere esta segunda-feira, em comunicado, a Procuradoria da República da Comarca de Lisboa.
Segundo a nota, tudo começou em novembro de 2020, quando o suspeito, cuja idade não é especificada, "enviou uma mensagem eletrónica" para o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa "afirmando que a mãe tinha sido raptada de casa". No e-mail, identificava já "a alegada autora do rapto".
Alguns "dias depois", o arguido denunciou o caso nas redes sociais, criando, segundo a acusação, "uma conta em nome da mãe", ilustrada com uma fotografia da progenitora e com uma publicação a garantir que fora sequestrada.
Assumindo a identidade da mãe e a partir daquela conta, o homem terá enviado nessa rede social "uma mensagem privada" à Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), "reforçando a história de que tinha sido raptada e de que era vítima de violência doméstica".
De "suspeitas" a vítimas
Já em dezembro de 2020, o suspeito voltou a denunciar ao Ministério Público, desta vez ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), dedicado à criminalidade organizada e complexa, o suposto rapto. Para tal, terá usado a plataforma online do DCIAP, "fazendo-se passar, novamente, pela mãe", e identificando duas suspeitas.
São estas duas mulheres, cuja relação com o suspeito não é precisada no comunicado, que são agora ofendidas no processo em que o homem irá responder em julgamento por três crimes de denúncia caluniosa e um de falsidade informática. Nenhum dos ilícitos é punível com pena superior a cinco anos.
A investigação foi do DIAP de Lisboa, coadjuvado pela Unidade Nacional de Contraterrorismo da Polícia Judiciária.