O antigo juiz militar e ex-diretor da Judiciária Militar coronel Gil Prata considera que o assalto ao paiol de Tancos resultou da falha de circulação de informação. E, salienta Gil Prata, esta falha "não poderia deixar de ser uma preocupação de qualquer das instituições do Estado".
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As preocupações foram expressas num artigo publicado no site "Operacional", onde Gil Prata destaca que "atualmente parece não haver dúvidas de que um órgão de polícia criminal tomou conhecimento, alguns meses antes, que estava a ser preparado um 'assalto' a instalações militares, na região de Leiria, para ser furtado material de guerra".
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Embora a questão já tenha sido várias vezes focada, é a primeira vez que alguém com o perfil e a experiência de Gil Prata a vem levantar publicamente e ligá-la ao assalto que viria a ocorrer a 28 de junho, que tarda em ser esclarecido. Ainda recentemente, a dúvida se houve ou não falha foi levantada no Parlamento, mas ficou sem resposta.
Salientando ser o seu "conhecimento sobre os factos" o "resultado da leitura das abundantes notícias", Gil Prata, que foi também diretor-adjunto do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa e Militares (SIEDM), salienta que a "credibilidade dada à possibilidade" da ocorrência do assalto teve sustentação no facto de ter sido comunicada ao Ministério Público e esta entidade "terá providenciado" requerer ao juiz de instrução "autorização para efetuar uma escuta telefónica".
Além de não terem sido comunicadas as suspeitas, parece terem sido ocultadas
E nesta base, Gil Prata, que trabalhou também nas informações policiais na PSP, questiona se não teria sido forçoso, "desde logo, informar o principal visado", o Exército e as Forças Armadas, assim como a Polícia Judiciária Militar, a quem cabe a investigação de crimes em instalações militares. "É que, além de não terem sido comunicadas as suspeitas, parece terem sido ocultadas", conclui.
"Falhou, assim, a prevenção de um ato criminoso, cuja possibilidade era do conhecimento das autoridades policiais e judiciárias", aponta. Perdeu-se a "oportunidade de as Forças Armadas prevenirem o cometimento de um crime", defende.
Depois de afastados os crimes de terrorismo internacional, Gil Prata salienta que os "únicos factos conhecidos criminalmente relevantes tipificam crimes estritamente militares", pelo que fará sentido que a investigação seja entregue à Judiciária Militar, que tem a "competência específica". A "preterição de alguma dessas especialidades do processo militar põe em causa o próprio processo", alerta.
