Estudante planeou matar colegas em atentado com fogo e explosões na faculdade, em Lisboa. É julgado esta terça-feira.
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João queria matar e ferir pessoas. Mais do que um desejo, era uma obsessão. Aos nove anos, começou a interessar-se pelos assassinatos em massa e aos 14 tornou-se obcecado. A 11 de fevereiro de 2022, com 18 anos, iria tornar-se o primeiro "mass murderer" (assassino em massa) português, mas o plano falhou. Foi detido na véspera. Começa hoje a ser julgado por terrorismo e posse de arma proibida, em Lisboa.
Quando a Polícia Judiciária (PJ) entrou na casa de João, deparou-se com os preparativos para um atentado terrorista à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, onde estudava engenharia informática. O plano estava numa folha A4 colada numa parede do quarto. O alvo era o Auditório 3, porque tinha as cadeiras presas ao chão e assim não lhas podiam atirar. Seria dia de exames e estariam cerca de 50 pessoas no interior. João lançaria cocktails molotov. Depois atiraria as botijas de gás para o fogo, para provocar explosões.
Ele ia estar junto à porta, armado com uma besta e facas, para atingir os alunos em fuga. No fim, caso não fosse morto pela polícia, iria suicidar-se na casa de banho, esfaqueando-se na barriga e peito como vira num filme "manga". João contou o plano macabro num "chat" da Internet. O interlocutor norte-americano avisou o FBI que, por sua vez, alertou a PJ. Os inspetores localizaram-no, vigiaram-no e, mal obtiveram os mandados, efetuaram uma busca domiciliária e detiveram-no.
O jovem introvertido, oriundo de uma pequena aldeia na Batalha, começa hoje a ser julgado. Caso seja considerado culpado, pode vir a ser condenado a 25 anos de prisão.
Pormenores
Facas, besta e botijas
Para o ataque, João tinha em casa: quatro facas, uma besta, 25 flechas, isqueiros, maçaricos, duas latas de spray de gás, duas botijas de gás butano e quatro latas de combustível.
Internado no hospital
Após ser apresentado a tribunal, ficou em prisão preventiva, mas, dada a sua anomalia psíquica (autismo), optou-se pelo internamento preventivo no Hospital Prisional de Caxias com acompanhamento psiquiátrico.