Mãe de Jéssica "não quis levá-la ao hospital por medo que descobrissem onde tinha estado"
Paulo Amâncio, companheiro da mãe de menina morta em cenário de maus tratos, alega ter sido enganado sobre o paradeiro da criança. Horas antes de ter sido levado para a PJ contou que "a Inês não quis levar a menina ao hospital porque tinha medo que descobrissem onde a criança esteve. Não tinha sido numa colónia de férias, mas sim numa casa miserável ao cuidado de uma pessoa sem condições".
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Paulo Amâncio considera que "se ela fosse logo com a menina ao hospital, em vez de vir para casa, descobria-se a verdade, mas a menina estava viva", desabafa.
Na manhã de segunda-feira, Inês chegou a casa e disse que a menina tinha caído na creche. Afirmou que Jéssica foi vista por um psicólogo que tinha receitado Atarax para dormir. O pescador não duvidou e só descobriu a verdade quando a companheira contou à Polícia Judiciária, nessa mesma noite, depois da morte de Jéssica.
Esta quarta-feira, Paulo diz-se furioso por a companheira ter mentido. "A Polícia Judiciária revirou a casa, procurou por marcas de sangue nas paredes e noutros sítios, até ofereci aos inspetores o meu telemóvel, mas não quiseram", afiança Paulo Amâncio, que depois da visita da PJ, e perante o amontoar de roupa no quarto, decidiu deitar ao lixo alguma roupa, inclusive da menina.
Na origem da mentira está a visita de assistentes sociais à casa de Inês e Paulo. "Informaram-nos que iam arranjar uma vaga numa creche para a menina. Há uma semana a Inês disse-me que que a menina ia começar na terça-feira, dia 14". Paulo disse estar feliz pela menina, que ia estar com outras crianças, e divertir-se.
Jéssica era seguida pela Segurança Social, mas não havia processo de proteção na Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Setúbal. Ao JN, Isabel Braz, presidente da CPCJ de Setúbal, avança que "não corre termos nesta Comissão processo de promoção e proteção a favor da criança em apreço. Após receção de comunicação de situação de perigo, foi aberto Processo nesta Comissão, o qual foi posteriormente remetido aos serviços do Ministério Público da Comarca de Setúbal".