A mulher de João Rendeiro, suspeita de crimes ligados às obras de arte do ex-banqueiro do BPP, está em prisão domiciliária com vigilância eletrónica.
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Detida a 2 de novembro de 2021, Maria de Jesus Rendeiro viu ser-lhe aplicada esta medida de coação privativa da liberdade após o tribunal considerar existir perigo de fuga, perigo de perturbação do inquérito/investigação e perigo de continuação da atividade criminosa. A mulher de João Rendeiro foi ainda proibida de contactar com o presidente da ANTRAL, Florêncio de Almeida, e com filho deste.
Em causa estão suspeitas de crimes de descaminho, desobediência, branqueamento de capitais e de crimes de falsificação de documentos.
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A Polícia Judiciária (PJ) realizou buscas em casas do ex-motorista do casal e do pai deste, o presidente da Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), Florêncio de Almeida. Suspeitava-se que ambos tenham ajudado o casal Rendeiro a esconder património desviado do BPP, através de transferências de imóveis.
Revelou localização de Rendeiro
Maria de Jesus Rendeiro terá revelado, no interrogatório no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Lisboa, depois de ser detida, que o marido estava escondido na África do Sul. Foi esta colaboração com a Justiça que terá contribuído para não ficar em prisão preventiva.
Em novembro, o JN revelou que havia a forte probabilidade de a mulher com quem o ex-banqueiro está casado há 40 anos fugir. Desde que Rendeiro saiu do país, anunciando que não iria voltar, Maria de Jesus nunca deixou de o contactar.
Fiel depositária das obras de arte de Rendeiro
A mulher de João Rendeiro era fiel depositária dos quadros arrestados ao ex-banqueiro, considerando o tribunal que esta sabia das falsificações e do desvio das obras. Os quadros faziam parte das 124 obras de arte apreendidas pelo Estado, para garantir o pagamento de uma indemnização ao BPP.
A mulher de Rendeiro foi condenada a pagar mil euros por "atuação excecionalmente grave" e incumprimento dos deveres de fiel depositária dos quadros arrestados ao ex-banqueiro.
Por sua vez, Rendeiro disse, na altura, que a mulher "era fiel depositária só de nome". "Um advogado foi instruído para passar a guarda dos bens para meu nome. Fê-lo num processo, mas esqueceu-se de o fazer neste. A Maria ficou apenas como fiel depositária porque, na altura, eu estava no estrangeiro", garantiu o ex-banqueiro.