Os agentes da PSP do Porto que, na madrugada de domingo, se deslocaram à paragem de autocarros da Rua do Bolhão, onde uma jovem natural da Colômbia foi agredida por um segurança a trabalhar para a STCP, só fizeram a participação da ocorrência três dias depois.
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A data do auto elaborado é de 27 de junho, quando os factos ocorreram na madrugada de 24 e quando a própria Nicol fez uma queixa numa esquadra, pelas 20 horas do dia 25.
Hugo Palma, responsável pelas relações públicas da PSP, esclareceu que, por ser semi-público, este crime depende de queixa e que, em teoria, a PSP tem dez dias para fazer a participação ao Ministério Público. No entanto, diz que o normal é o auto ser elaborado nas horas seguintes aos factos que relata. Outra fonte daquela força policia, citada pelo "Público", refere que "não é nada de extraordinário que o expediente seja elaborado nos dias seguintes", admitindo que três dias é, ainda assim, "muito tempo".
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Nicol Quinayas denunciou ter sigo agredida e insultada, por um segurança da empresa 2045, a exercer funções de fiscalização para STCP (Sociedade de Transportes Colectivos do Porto), quando tentava entrar para o autocarro da linha 800, com mais duas amigas, cerca das 5.30 horas. "Preta de merda, vai apanhar o autocarro à tua terra", terão sido algumas das expressões proferidas pelo segurança, segundo denúncia da própria, tornada pública na quarta-feira, e que mereceu críticas da associação SOS Racismo.
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Segundo apurou o JN, terá havido um desentendimento entre o grupo de jovens e um homem, que também aguardava o autocarro, e que não gostou que Nicol lhe tivesse passado à frente na fila. O fiscal ter-se-á apercebido e impedido a colombiana, a residir em Portugal desde os cinco anos, e uma das amigas, de entrarem no autocarro.
"No autocarro ficou a outra minha amiga, talvez por ser branca, pois um outro segurança não a deixou sair. Já no exterior, olhei para o segurança e disse-lhe: 'O senhor está doido. Nem deveria estar ao serviço'. E ele deu-me logo um murro", relatou Nicol, que terá sido esmurrada várias vezes e imobilizada pelo fiscal, que colocou um joelho sobre a cabeça da vítima. Depois, acorreram ao local membros da Equipa de Prevenção e Reacção Imediata da PSP que, segundo a visada, não a identificaram e apenas falaram com o fiscal. Até esta quinta-feira de manhã, a PSP garantia que tinha identificado todos os intervenientes na altura dos factos.
A STCP já abriu um processo de averiguações e suspendeu o segurança das funções que desempenhava até terminar o inquérito aberto ao caso.