A Direção da Comunidade Judaica do Porto (CJP)/Comunidade Israelita do Porto (CIP) anunciou este domingo que "não mais tem interesse em colaborar com o Estado na certificação de judeus sefarditas", na sequência do inquérito criminal que já resultou na detenção do rabino Daniel Litvak. E, em comunicado, volta a rejeitar todas as acusações.
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A Polícia Judiciária (PJ) e o Departamento Central de Investigação e Ação Penal do Ministério Público estão a investigar processos de certificação e de atribuição da nacionalidade portuguesa, ao abrigo da lei dos sefarditas. Os dois principais casos sob suspeita dizem respeito ao fundador e presidente da Altice, que, ao contrário do que o JN noticiou, não é arguido no inquérito, e ao empresário russo Roman Abramovich, próximo de Vladimir Putin. Além de Daniel Litvak é arguido no processo o advogado portuense Francisco Almeida Garret.
Em causa estarão crimes de corrupção, falsificação e tráfico de influências, fraude fiscal e branqueamento de capitais. O líder religioso dos judeus do Porto está indiciado por, alegadamente, ter falsificado documentos que terão permitido a ambos os milionários, entre outros, aceder à nacionalidade portuguesa. E o advogado, segundo o comunicado, por alegada corresponsabilidade na "atividade de certificação".
A PJ suspeita que houve pagamentos generosos e anormais que circularam pelo estrangeiro até caírem em contas bancárias da esfera pessoal dos visados no processo e simulação de transações entre os candidatos à nacionalidade e os arguidos.
No sábado, a Direção da CJP/CIP voltou a rejeitar qualquer irregularidade nos processos de Draghi e Abramovich. Garante que do segundo recebeu "o valor de 250 euros e nada mais", relativo ao emolumento cobrado pela comunidade certificadora. E, quanto ao caso de Drahi, a Direção já tinha garantido que o processo foi certificado pela "Comunidade Israelita de Lisboa, já lá vão cinco anos". No comunicado emitido este sábado cita este caso como exemplo das "denúncias anónimas inverosímeis" que deram origem ao inquérito crime.
O mesmo comunicado anuncia que "embora o rabino-chefe não tenha sido judicialmente impedido de continuar os processos de certificação de sefardismo da CIP/CJP", a Direção da CIP/CJP decidiu que não mais tem interesse em colaborar com o Estado na certificação de judeus sefarditas". Lembra ainda que a proposta que enviou em "2013/2014 ao Governo PSD/CDS no sentido de ser constituída uma comissão internacional".