As férias do parlamento britânico vão ser adiadas para que o primeiro-ministro faça uma nova declaração sobre a investigação ao escândalo das alegadas escutas telefónicas do jornal "News of the World" e corrupção de polícias.
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A Câmara dos Comuns deveria suspender os trabalhos na terça-feira, mas David Cameron favoreceu uma sessão adicional, revelou numa conferência de imprensa em Pretória, onde iniciou esta segunda-feira uma visita à África do Sul.
"Talvez seja melhor que o parlamento se reúna na quarta-feira para que eu possa fazer uma nova declaração, actualizar a Câmara dos Comuns sobre os últimos desenvolvimentos deste inquérito judicial e responder a quaisquer perguntas que surjam face ao que for anunciado hoje e amanhã [terça feira]", sugeriu.
A ideia faz também parte de um discurso que o líder da oposição, o trabalhista Ed Miliband, fará esta manhã e cujos extractos foram avançados pela comunicação social britânica.
Hoje à tarde é esperada uma declaração da ministra do Interior, Theresa May, no parlamento sobre a demissão no domingo à noite do comissário da Polícia Metropolitana, Paul Stephenson.
O chefe da Scotland Yard atribuiu a decisão às "especulações e acusações sobre as ligações entre a polícia metropolitana e a News International", nomeadamente a contratação de um antigo director adjunto do "News of the World", Neil Wallis, para assessor de imprensa em tempo parcial.
Wallis foi empregado entre Outubro de 2009 e Setembro de 2010 por, segundo o Guardian, cerca de mil libras por dia [1144 euros], período em que a polícia já investigava as alegadas escutas telefónicas do semanário entretanto encerrado.
Foi também noticiado que, durante a recuperação de uma operação, Stephenson beneficiou de estadia gratuita numa estância termal onde o mesmo Wallis era também relações públicas.
O antigo comissário, que deverá ser ouvido na terça-feira pela comissão parlamentar para assuntos da administração interna, nega qualquer infracção e recusou que a integridade tenha sido posta em causa.
Cameron elogiou o trabalho de Paul Stephenson mas vincou que "a polícia deve investigar sem medo nem favorecimento" e que a confiança pública na investigação policial ao escândalo foi afectada.