James Murdoch considerou "imprópria" a comparação à máfia feita, esta quinta-feira, pelo deputado britânico Tom Watson, voltando a negar conhecimento do uso generalizado de escutas telefónicas pelos jornalistas do "News of the World".
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O deputado trabalhista Tom Watson acusou o comportamento do grupo de "criminoso" e chamou "chefe da máfia" a Murdoch, expressão que este considerou "imprópria".
A troca de palavras aconteceu, esta quinta-feira, durante a segunda audição do presidente do braço britânico da "News Corporation" pela comissão parlamentar de Cultura, Comunicação Social e Desporto, em Londres.
Murdoch foi chamado para clarificar o testemunho anterior em que garantiu desconhecer documentos que indicavam o uso generalizado de escutas telefónicas pelos jornalistas do semanário.
O responsável voltou a negar conhecimento de um email onde era dada informação sobre outros jornalistas que recorriam à intercepção ilícita das caixas de mensagens telefónicas para obter informação sobre determinadas pessoas.
Desmentiu ainda as afirmações de Colin Myer, um antigo director do jornal, e Tom Crone, ex-director do departamento jurídico, que afiançaram antes que discutiram a questão com Murdoch. Foi nessa altura em que foi confrontado pelo deputado trabalhista Tom Watson sobre o significado do termo italiano "Omertà" ("lei do silêncio").
"Concordaria que isto significa um grupo de pessoas unidos pelo segredo e que juntos prosseguem os objectivos do grupo sem respeito pela lei, usando intimidação, corrupção e criminalidade em geral?", questionou o deputado.
Murdoch alegou desconhecer a palavra mas Watson insistiu que "esta é descrição precisa da News International no Reino Unido".
O filho do magnata Rupert Murdoch rejeitou "absolutamente" esta ideia, qualificando o comentário como "ofensivo e mentiroso".
Mas Watson insistiu nas alegações de intercepção de comunicações telefónicas e por computador, tentativas de perverter a justiça, perjúrio, "tudo sem o seu conhecimento".
"Lamento que as coisas tenham dado para o torto no News of the Wold em 2006 [quando] a companhia não resolveu estas questões de forma suficientemente rápida", admitiu Murdoch.
Porém, o presidente da News International reiterou que "quando as provas foram tornadas públicas" a empresa agiu. "Quando finalmente alcançamos a transparência apropriada, agimos com grande zelo e diligência", disse.
"Senhor Murdoch, o senhor deve ser o primeiro chefe da 'máfia' na história que não sabia dirigir uma empresa criminosa", afirmou Watson, insinuação que James Murdoch classificou "imprópria".
Estão em curso duas investigações policiais, uma sobre as escutas telefónicas e outra sobre o alegada corrupção de agentes da polícia, além de um inquérito sobre o funcionamento da comunicação social em geral.
A polícia actualizou na semana passada para 5795 o número de potenciais vítimas de escutas telefónicas pelo News of the World.
Esta semana foi também noticiado que o jornal terá usado um detective privado para espiar dezenas de pessoas, incluindo o príncipe William, políticos e celebridades como José Mourinho.