Divulgação dos resultados de sondagens transforma a observação em prognóstico e faz do processo eleitoral uma competição, segundo a Entidade Reguladora para a Comunicação Social
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O relatório da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), divulgado hoje, quarta-feira, reconhece que a divulgação mediática dos resultados das sondagens de opinião é parte integrante do cenário eleitoral e um elemento importante para a opinião pública e para a formação de opiniões individuais.
Por isso mesmo, a ERC alerta para uma série de falhas e imprecisões detectadas nos vários estudos que devem ser acuradas com vista a tornar os resultados mais rigorosos.
O relatório "Diagnóstico e Sugestões de Medidas a Adoptar" indica que o preenchimento de fichas técnicas por algumas empresas não está sistematizado e noutros casos está incompleto, os universos estão mal definidos, quando se trata de entrevistas telefónicas, e o erro de amostragem é por vezes desconhecido, sem que isso seja mencionado.
A má aferição da abstenção nas sondagens é outro dos problemas encontrados pelo regulador, já que alguns questionários não contemplam perguntas específicas para medir a abstenção, como é o caso da Marktest e da Intercampus, o que "pode causar enviesamentos nos resultados".
A ERC constatou também que não há uma correlação significativa entre a dimensão da amostra e a precisão das estimativas, o que "poderá indiciar a existência de erros sistemáticos que as empresas credenciadas devem tentar reduzir".
Nas sondagens, cujos dados da ficha técnica permitiram o cálculo dos desvios entre os valores estimados e os valores reais da eleição para os diferentes partidos (32 em 38), o desvio médio foi no conjunto de 2,3 por cento.
As projecções com um desvio menor foram as das eleições legislativas de 2005, seguidas das eleições presidenciais de 2006 e intercalares de Lisboa de 2007.
Em termos de empresas, a Ipom, o centro de estudos da Universidade Católica e a Aximage foram as que apresentaram resultados com menores desvios.
As projecções com maior desvio foram as das eleições europeias de 2009, e as realizadas pela empresa Pitagórica, seguida da Intercampus.