O fotojornalista João Silva, gravemente ferido no Afeganistão em Outubro de 2010, regressou quinta-feira ao trabalho para o "New York Times", na Casa Branca, onde agradeceu pessoalmente ao presidente Barack Obama pelo tratamento recebido nos Estados Unidos.
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Obama quis receber o fotojornalista, a quem deu as boas vindas no seu primeiro trabalho recorrendo a próteses e numa altura em que ainda está em recuperação, segundo o relato do jornal norte-americano que acompanhou Silva, natural de Lisboa e naturalizado sul-africano.
"É bom vê-lo novamente. Como está a sua maravilhosa família?", perguntou Obama no reencontro com Silva, que tinha sido visitado pela primeira-dama Michelle Obama em maio no hospital militar Walter Reed, em Washington.
Na Sala Oval, Obama perguntou a Silva qual a sensação de voltar ao trabalho, segundo o jornal norte-americano.
"Vou saber isso mais tarde, quando tirar uma foto", respondeu o fotojornalista.
A Obama, Silva entregou mais tarde uma cópia do livro que publicou em 2000 em co-autoria com Greg Marinovich, O "Clube Bang-Bang", recentemente passado a filme, com uma dedicatória de agradecimento.
"Caro presidente Obama. Obrigado a si e ao povo americano pela vossa hospitalidade. Por permitirem que recupere em Walter Reed, onde a minha vida foi salva, sem sombra de dúvida. Com admiração, João Silva", refere a dedicatória.
O trabalho de Silva foi a cerimónia de entrega da Medalha de Honra ao fuzileiro Dakota Meyer, o primeiro militar nas últimas décadas a receber a mais alta condecoração por mérito no campo de batalha.
Meyer autorizou que Silva estivesse presente no seu encontro com Obama na Sala Oval, antes da cerimónia de entrega da condecoração.
Lento e ainda com dificuldades de equilíbrio no uso das próteses, o fotojornalista teve dificuldades para acompanhar o acontecimento.
"Estava a falhar fotografias. E depois há o aspecto físico: dores, sem parar, dores constantes", disse Silva.
"Por isso estas fotos são enganadoras", adiantou, depois de remeter as fotos para o "New York Times", que lhe mereceram os parabéns do editor de fotografia.
Silva regressou, esta sexta-feira, ao hospital onde recupera em Bethesda, onde ainda está a ser acompanhado depois de uma intervenção cirúrgica em Agosto.
O fotojornalista residia em Joanesburgo desde muito novo e notabilizou-se na África do Sul, tendo posteriormente trabalhado para a Reuters e AP em vários teatros de guerra.
A 23 de Outubro, quando acompanhava uma patrulha norte-americana no Afeganistão, pisou uma mina anti-pessoal de fabrico russo, depois de os especialistas terem dado o terreno onde se encontravam como desminado.
No hospital de Washington, os médicos norte-americanos fizeram várias operações aos membros inferiores, amputados, de forma a prepará-los para as próteses, bem como no abdómen e bexiga, órgãos que sofreram ferimentos graves provocados pelos estilhaços.