O fotojornalista de origem portuguesa João Silva, que recupera em Washington de ferimentos graves após um acidente no Afeganistão em Outubro, recebeu segunda-feira, no feriado do "Memorial Day", a visita da primeira-dama norte-americana, Michelle Obama.
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Segundo adianta David Dunlap no blogue de fotojornalistas do New York Times ("Lens"), jornal ao serviço do qual Silva pisou uma mina enquanto acompanhava forças norte-americanas no terreno, Michelle Obama deslocou-se ao Walter Reed Army Medical Center para se inteirar da recuperação de militares e do fotojornalista.
"Pareceu-me uma pessoa amável e atenciosa", disse ao blogue do Times João Silva, que no último natal recebeu a visita do vice-presidente Joe Biden.
Michelle Obama perguntou sobre os progressos do fotojornalista, que perdeu ambas as pernas no acidente, e distribuiu presentes aos dois filhos de Silva, Isabel, de seis anos, e Gabriel, de cinco.
Após saber da visita, quando Michelle Obama já estava a caminho do hospital, o fotojornalista fez questão de colocar as próteses, que já havia mostrado ao JN.
"Queria ser capaz de cumprimentá-la de pé", adiantou ao blogue do Times o fotojornalista de 44 anos.
Recentemente, Silva recebeu a visita do director executivo do New York Times, Bill Keller, que o entrevistou a propósito do lançamento do filme "The Bang Bang Club", uma adaptação do livro homónimo que o fotojornalista publicou em 2000 com Greg Marinovich sobre a sua experiência no terreno durante o fim do regime do Apartheid na África do Sul.
O Memorial Day, última segunda-feira de Maio, é um feriado nacional norte-americano de evocação dos militares vítimas de conflitos.
A 16 de Janeiro, João Silva teve o seu primeiro dia fora do hospital militar, em cadeira de rodas, e foi visitar o monumento dos veteranos da guerra do Vietname, em Washington.
Em Fevereiro, o fotojornalista natural de Lisboa experimentou as suas primeiras próteses, no hospital militar Walter Reed, onde tem sido acompanhado pelos pais, mulher e filhos.
As despesas médicas estão a ser suportadas pelo New York Times, que também assumiu os encargos das viagens dos pais de João Silva e de Marinovich até Washington.
O jornal tomou ainda a iniciativa de integrar Silva nos seus quadros, que até aí era apenas contratado para serviços.
Os médicos norte-americanos fizeram várias operações aos membros inferiores, amputados, de forma a prepará-los para as próteses, bem como no abdómen e bexiga, órgãos que sofreram ferimentos graves provocados pelos estilhaços.
O fotojornalista residia em Joanesburgo desde muito novo e notabilizou-se na África do Sul, tendo posteriormente trabalhado para a Reuters e AP em vários teatros de guerra.
A 23 de Outubro, quando acompanhava uma patrulha norte-americana no Afeganistão, pisou uma mina anti-pessoal de fabrico russo, depois de os especialistas terem dado o terreno onde se encontravam como desminado.