É ao som do coletivo portuense StopEstra que se inicia, esta quinta-feira, às 17, a primeira edição do Primavera Sound Porto. Pelos quatro palcos no Parque da Cidade, Hard Club e Casa da Música vão passar 530 artistas.
Corpo do artigo
Por muito que Gabi Ruiz, diretor e fundador do festival, goste de afirmar que o Primavera Sound está interessado em "ser o melhor e não o maior dos eventos musicais deste género", a verdade é que este autêntico paraíso "indie" atinge dimensões significativas. A tal ponto que amiúde têm surgido críticas quanto ao seu crescimento desmesurado.
Se em Barcelona o "Primavera" entrou de vez no roteiro da cidade, atraindo mais de 30 mil visitantes de fora da região, no Porto, a primeira edição já envolve números de respeito.
Além dos 12 mil turistas estrangeiros, perto de metade do total de espectadores diários previstos, a magnitude do festival pode medir-se ainda pelo movimento invulgar provocado na hotelaria e restauração do Porto e arredores. Só os artistas que vão atuar até ao fim de semana vão ter por sua conta 700 quartos de hotel.
Logisticamente, merece relevo a centena de camiões de carga envolvidos no transporte e armazenamento do material. Ou os 1000 funcionários que estarão no recinto para se certificarem de que, da limpeza à segurança, nada foi esquecido.
Música como "pormaior"
No meio de tantos números, a música não é um pormenor de somenos importância. O que, sobretudo numa altura em que os festivais são veículos publicitários cada vez mais requisitados pelas marcas, é quase uma raridade digna dos maiores louvores.
Com 62 concertos previstos até domingo, o cartaz portuense equivale a menos de um quarto do de Barcelona, mas não se pense que o seu interesse se resume a essa cifra. Claro que nomes como Marianne Faithfull, Death in Vegas ou Franz Ferdinand (e, já agora, Björk e Explosions in the Sky) teriam sido bem vindos à Invicta, mas o que será dado a ver a quem frequentar o festival é uma síntese bastante satisfatória dos 270 concertos que Barcelona acolheu durante cinco dias.
A noção básica que qualquer espectador do "Primavera" deve ter é a impossibilidade de ver tudo. Esquecida a frustração por ter que optar entre diferentes bandas do seu agrado, urge, antes de tudo, escolher atempadamente o que se pretende. Caso contrário, há sérios riscos de ver o festival passar ao lado.
Hoje, primeiro dia, a escolha até está algo facilitada porque só dois palcos (Primavera e Optimus) vão estar em ação. Além das melodias sonhadoras de Yann Tiersen, constam Suede, The Drums e Mercury Rev.
A noite encerra com os nova-iorquinos Rapture, que, após terem sido forçados por duas vezes a cancelar concertos em Portugal, deverão querer redimir-se junto dos fãs portugueses.