<p>Entre o passado de Ferreira Leite e a esperança numa nova maioria renascida na caravana socialista, o antepenúltimo dia de campanha levou Jerónimo e Portas a baterem à porta das forças policiais. O silêncio de Cavaco Silva continuou presente.</p>
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Tinham vindo de Viseu da noite anterior os ecos da intervenção do socialista José Junqueiro, que colou à líder do PSD um discurso de Salazar, de 1928. Na resposta, Manuela Ferreira Leite acusou os socialistas de estarem "desesperados" e partiu para o contacto (mais físico e directo que o habitual) com os eleitores. A dar "gás" à resposta, ficou Paulo Rangel para acusar o PS de "minar" a campanha, lembrando que foi Junqueiro quem começou com "as questões da Presidência da República", ao acusar que havia assessores de Belém a redigirem o programa do PSD.
Solidários, Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã criticaram "a retórica fácil" do PS e rejeitaram a ideia de que a vitória do PSD - que o comunista considera "improvável" - seria uma regresso ao 24 de Abril (pág.14). Estes "reparos" não inibiram Silva Pereira de classificar de "muito salazarento" "algum discurso do PSD".
Mas passado da líder do PSD não saiu do discurso socialista. Coube a Edite Estrela lembrar a ministra das Finanças, "que vendeu a dívida pública ao City Bank" e a da Educação, que "silenciou os professores. Tudo isto, num ambiente criado pelo grito da JS, "Um, dois, três, maioria outra vez" e pelo pedido de Silva Pereira de "nova maioria para o PS governar". Quanto a Sócrates, foi dizendo, vestindo a pele de transmontano, que só um novo governo socialista garantirá o progresso de Trás-os-Montes.
O combate à onda maioritária esteve a cargo de Louçã, que lembrou o "perigo" do poder absoluto. Para domingo, ficou a mensagem de que para o BE, seria derrota manter o mesmo número de deputados.
Ainda do passado fascista, falou Jerónimo, no Couço, antigo bastião comunista, para enaltecer a luta contra a repressão da PIDE. Outras polícias passaram pela jornada do PCP, que visitou o comando da PSP de Santarém e criticou Portas por falar de segurança e ter aprovado o Código de Processo Penal, que agora critica.
À mesma hora, o líder do CDS-PP saía de uma esquadra da PSP e fazia um auto-elogio: "Sou o único que visita esquadas e quarteis" (pág.13). E à pergunta se gostaria de ser o próximo ministro da Administração Interna, respondeu: "Segunda-feira falamos".