<p>Carlos Daniel, 40 anos, jornalista e cara conhecida da RTP, responde ao "Flash Interview" do JN.</p>
Corpo do artigo
Não haverá lugar para surpresas neste Mundial, como vaticinou Lula da Silva?
Nunca acredito muito em surpresas. Tirando a Grécia em 2004 nem me lembro de nenhuma mesmo grande. Se Portugal ganhar, como espero, torno-me mais crente.
Quem regressará a casa mais depressa: Queiroz ou Olegário Benquerença?
Espero e acredito que seja Benquerença.
Toni foi contratado para revelar as fraquezas de Portugal a Erikson da Costa do Marfim – e aceitou. Acha que se Queiroz contratasse Miguel Sousa Tavares ou, vá lá, Nuno Rogeiro, para desvendar os segredos da Coreia do Norte e do Brasil, resultaria?
Não, são duas pessoas muito inteligentes e cultas mas estão longe de saber tanto de futebol como o Toni.
Cavaco Silva anunciou que “chegámos a uma situação insustentável”. Diria que o Presidente da República (PR) se assemelha a um treinador de bancada, daqueles que só traçam diagnósticos e dão palpites porque não estão no campo?
Palpites desses é que não dou. Por estes dias sou mais bola.
Mas o Mundial pode contribuir para a”coesão nacional”, como ele pediu, ou só para embalar o país?
O futebol é um grande elemento de união entre os portugueses e todos os que falam português.
O PR pediu também aos portugueses para que façam férias cá dentro. Acha que foi Cavaco Silva a dizer para não perderem a cabeça com a bola e não desatarem a gastar dinheiro em viagens para a África do Sul?
Não creio que estivesse exactamente a pensar nisso. E até agora não há assim tanta gente na África do Sul para ver o Mundial. Pelo menos não tanta como se esperava.
Portugal não está entre os favoritos. Quer dizer que a nossa falta de competitividade na economia é igual no futebol?
Não. A competitividade do nosso futebol é muito maior que a da nossa economia. E nem sequer é uma opinião, é um facto.
A Selecção repescou para alcunha um nome – navegadores -, que remete para um passado com 500 anos, e há quem diga que a melhor Selecção era a que foi à Alemanha. É possível que um país que está sempre a olhar para trás, até no futebol, consiga andar para a frente?
É possível que um país seja mais optimista quando tem um treinador português? Ou só gostamos de nós se vier alguém de fora para nos dar música? Queiroz é melhor que Scolari. Mas os resultados é que contam.
Qual é a diferença entre o vazio dos directos sobre o Mundial e dos directos sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito?
Do Mundial vai perceber-se de certeza o resultado final.
O país devia ter direitos de autor sobre Cristiano Ronaldo e aferir um determinado montante por cada golo para abater à dívida do país?
A pergunta tem graça mas o país, sem o endeusar, deve valorizar o facto de ter um génio português, que é o que ele é com uma bola nos pés.