Jerónimo de Sousa apelou, esta tarde, ao "governo da República" para "que encete" um processo de renegociação da dívida para que sejam revistos prazos, montantes e taxas de juro.
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O líder do PCP falou, esta quarta-feira, em Espinho, no final de uma arruada na cidade a propósito da notícia de que a ministra das finanças francesa, candidata à direcção do Fundo Monetário Internacional (FMI), já colocou de parte a reestruturação da dívida portuguesa.
Jerónimo de Sousa defendeu um processo de renegociação "em que o governo da República vai ter um papel preponderante" naquele que considera ser um processo patriótico. Por sua parte, o candidato comunista promete apresentar um projecto-lei na Assembleia da República para que tal aconteça.
Além disso, o secretário-geral do PCP desvalorizou o posicionamento da candidata à presidência do FMI, dizendo que aquele processo de discussão da dívida pode sempre ser feito por pressão do povo.
"Às vezes, são os povos que forçam essa solução", disse. Questionado sobre o que é preciso para que os portugueses consigam impor este objectivo, respondeu que "basta que condenem os partidos da troika".
Em Espinho, Jerónimo de Sousa comentou, ainda, o facto de a ministra do Trabalho Helena André ser a principal candidata do PS por Aveiro, desafiando-a a explicar à população do concelho por que razão tem taxas tão elevadas de desemprego e "que propostas e que responsabilidades tem" nesta situação.
Comentando a sugestão de Pedro Abrunhosa no sentido de uma aproximação entre CDU e BE, o líder comunista rejeitou a ideia de que os bloquistas sejam a face mais urbana e os comunistas a mais rural do eleitorado de esquerda. "A CDU tem dimensão nacional que o Bloco de Esquerda não tem", disse, explicando que os comunistas estão em cerca de 30 municípios, alguns "cosmopolitas", recordando ao músico os casos de Almada, Setúbal, Barreiro e Seixal.
Recordando que a proposta da CDU é de um "Governo patriótico de esquerda", Jerónimo de Sousa explicou que qualquer coligação com o Bloco de Esquerda apenas "seria uma visão reduzida", uma vez que essa coligação teria de ser "mais ampla", abrangendo "patriotas, independentes e democratas".