No primeiro dos três dias do festival Optimus Alive!, o rock pesado ditou leis a cerca de 40 mil jovens de todo o país que desaguaram no Passeio Marítimo de Algés. À hora do fecho desta edição, os Metallica "devastavam" a audiência.
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Os norte-americanos foram precedidos pela passagem de um tema de Ennio Morricone, "The ecstasy of gold", do filme "O bom, o mau e o vilão". Aos primeiros acordes, foi a loucura. Um oceano de braços a bater palmas. "Are you alright?", perguntou o vocalista.
Antes, tinha sido a vez dos conterrâneos Slipknot. Pinta não lhes falta. Os moços surgiram em palco mascarados: uns com a cabeça atravessada por pregos, outros com uma espécie de ketchup a escorrer-lhes da boca, outros, enfim, com máscaras de Pinóquio subterrâneo pós-apocalipse. Como é? Das duas uma: ou um gajo fica com medo ou, pura e simplesmente, ri-se perante semelhante exuberância. Rir é o melhor remédio, diz o chavão, e assim foi - os Slipknot debitaram aquela espécie de heavy-mentol, massa sonora assaz áspera, perante uma mancha negra, uma enorme mancha de gente vestida de negro. Dir-se-á, a propósito, que nove em cada dez pessoas apresentavam o corpo embrulhado em preto, sendo imediata a distinção entre duas facções: os mais novos, fãs de Slipknot, e os maduros, com t-shirts da que é a grande banda deste festival - os enormes Metallica, que terão tocado já após o fecho desta edição.
O ambiente foi de celebração. Aliás, durante o concerto dos Slipknot, Jel, dos Homens da Luta, invadiu a zona VIP com um tambor, pombos e um cartaz a dizer que "o povo também quer Ferraris".
Não faltaram, também, as habituais garrafas de plástico de litro e meio recheadas com vinho a martelo, a 40 cêntimos o litro.
A música arrancou num dos dois palcos secundários, eram cinco da tarde. Os Golpes, trupe de lisboetas que laboram um rock inspirado nos saudosos Heróis do Mar, reuniram aí uma pequena minoria, metade dela em pé e entusiasmada, outra metade alapada no chão, lá ao fundo, a ver as vistas ou a filmar com o telemóvel para depois publicar no YouTube. O vocalista ainda os desafiou para se levantarem, mas a plebe parecia demasiado pedrada para oscilar o corpo.
Em simultâneo, e enquanto o sol ainda tostava, muitos mais concentravam-se frente ao palco principal para a actuação dos Ramp. Digna instituição do metal nacional, os Ramp acenderam o rastilho para a explosão de rock heavy que marcou o dia de ontem e que terá contribuído para o desentupimento do canal auditivo à custa da pujança decibélica, capaz de estremecer o Cristo Rei na outra margem do Tejo.