O ex-presidente da República Mário Soares considerou este domingo que este "é o momento de não deixar cair Sócrates", mas antes "de o pôr no sítio onde ele tem estado".
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Numa longa intervenção num comício do PS no Porto em que se deteve demoradamente a elaborar sobre a crise internacional e os seus reflexos à escala nacional, o fundador do PS considerou, já no final: "Trata-se agora de um período extremamente difícil, que é o período do pós-eleições.
Há em Portugal um líder que ganhou uma experiência internacional excepcional. E conhece bem o que se está a passar na Europa, sabe como intervir, tem amigos na Europa. Essa figura é o líder do PS, José Sócrates".
E acrescentou: "E não creio que haja bom senso em Portugal se o povo português não perceber que é o momento de não deixar cair Sócrates, antes pelo contrário, que é o momento de o pôr no sítio onde ele tem estado".
"Precisamos de lutar com toda a convicção, com todo o impulso que vocês nos dão nestes comícios, para ganhar as próximas eleições. E vamos ganhar", declarou.
Ao longo da sua intervenção, Soares começou por lembrar a intervenção do PS nalguns dos principais momentos e realizações da vida nacional. "É o principal partido estruturante da sociedade portuguesa", disse, concentrando-se depois na crise internacional.
"A União Europeia está numa grande crise, todos os sabemos. E temos que perceber que a crise que estamos a viver desde há dois anos e depois de o governo de Sócrates ter já resolvido o problema do défice (...) foi a União Europeia que depois de a crise ter começado nos Estados Unidos, veio a assumir essa própria crise e a tem tratado de uma maneira péssima", lamentou.
"Não posso deixar de vos dizer a minha desilusão, como europeista que sempre me considerei, que tenho com a senhora Angela Merkel, que vem lá da Alemanha de Leste, que esqueceu o que a Alemanha de Lesta e a unificação da Alemanha deve a todos os países europeus, incluindo Portugal, e que tem vindo a ser muito hesitante em relação a dois países fundamentais, a Grécia e a Irlanda", deplorou.
O antigo chefe de Estado lamentou também o papel dos mercados e das agências de rating que, considerou, "deviam ser ilegalizadas pelo que têm feito".
"Se Portugal vier a sofrer mais do que já sofreu com essa crise que lhe foi imposta do exterior, a verdade é que a seguir a Portugal irão outros países europeus e talvez a própria Europa", advertiu.