Carlos Queiroz foi, ontem, o porta-voz de um grupo insatisfeito. O torneio está a correr bem, mas todos querem chegar mais longe. Querem encher a barriga num "petisco" do futebol mundial - o Espanha-Portugal, assim catalogado pelo seleccionador.
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Serenidade, confiança e determinação foram os sentimentos transmitidos por Carlos Queiroz, na antevisão dos oitavos-de-final do Mundial. O treinador aproveitou para meter pressão no adversário, afirmando que "o campeão da Europa é sempre candidato à conquista do Mundial". No entanto, assumiu uma postura arrojada.
Tentar ser "o melhor Portugal de sempre" é a missão proposta. "O que fizemos até aqui não chega para vencer a Espanha", assumiu. No meio do pragmatismo, reconheceu que as quinas estão na África do Sul para levarem o troféu para casa, quando foi confrontado com o facto de Cristiano Ronaldo não ter ganho qualquer prova em 2009/10. "Não concordo. O ano ainda não acabou". Não restam dúvidas que Queiroz acredita que pode chegar à final. E socorre-se da História para colocar de parte qualquer inferioridade em relação ao campeão europeu: "É certo que alguém terá de fazer as malas mais cedo, mas há muito tempo que discutimos coisas com a Espanha e temos sempre uma palavra a dizer".
Depois de sublinhar "respeito" pelo adversário, voltou à ofensiva. "Jogámos com a selecção líder do ranking mundial [Brasil] e agora vamos defrontar o segundo [Espanha]. E que venham os próximos", apontou, em mais uma tirada de confiança. "Será um jogo muito difícil, entre duas equipas com um estilo de futebol muito próximo. Acho que vai ser um grande duelo, com futebol tecnicista e muita velocidade. Mas só uma coisa conta - ir para a frente. Neste tipo de jogos, temos que correr riscos. Os nossos limites deverão estar sempre um bocadinho à frente dos do adversários, se quisermos vencer", definiu.
O conforto de voltar a jogar na Cidade do Cabo - "É nossa casa" - foi destacado pelo treinador, que confessou estranheza em relação às nomeações [ver peça na pág. 31]. Ainda sobre arbitragem, defende a introdução das novas tecnologias para auxiliar os árbitros. "Há alguns elementos a serem considerados no futuro. Está em causa a credibilidade do jogo. Não pode acontecer um bilião de pessoas ver algo [na televisão] que, depois, só duas não vêm...". Mas, acha que não é tempo para estas discussões. "As regras estão definidas", terminou. E é com estas que Portugal terá de vencer a Espanha...