O líder do PSD acusou o governo de José Sócrates de "forjar" concursos públicos internacionais, a propósito de um concurso lançado pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária no valor de 1,2 milhões de euros.
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A questão do concurso lançado pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), em Março, no valor de 1,2 milhões de euros para a elaboração de "propostas de decisão e propostas de contraordenação", já tinha sido levantada pelo líder do PSD à hora do almoço, em Mirandela, quando questionou o governo de forma irónica sobre quem tinha sido o "feliz contemplado" para fornecer um "serviço tão importante de que o Estado não pode prescindir no próximo ano".
Em reacção às palavras de Passos Coelho, o secretário de Estado da Protecção Civil considerou-as "irresponsabilidade", "leviandade" e "completamente infundadas", esclarecendo que se tratou de um "concurso internacional" que teve como "único concorrente" a Universidade Católica Portuguesa.
Ainda segundo Vasco Franco, a Universidade Católica já faz este trabalho desde 1993 para a então denominada Direcção-Geral de Viação, atravessando governos do PSD ou de coligação PSD/CDS-PP.
À noite, durante um jantar em Bragança, Passos Coelho retomou o assunto, citando as críticas de "irresponsabilidade" que lhe tinham sido feitas e a explicação de que "aquele concurso internacional tinha sido feito para uma certa universidade ganhar o concurso que já vem prestando esses serviços há vários anos".
"Ficámos, portanto, a saber que os concursos públicos internacionais são forjados por este governo porque eles já sabem quem ganha antes de os lançar", acusou.
O líder do PSD voltou a dizer que acredita na vitória, mas pediu aos portugueses para que "não façam depender o próximo Governo de arranjos e arranjinhos de quem não teve até hoje competência e sentido de Estado para cumprir os seus compromissos".
Governo exige pedido de desculpa
Em comunicado, o Ministério da Administração Interna, que tutela a ANSR, lamentou "a atitude irresponsável de quem se pronuncia sobre uma matéria de tamanha responsabilidade sem cuidar de se informar suficientemente", defendendo que a "decisão de lançar o presente concurso", ao qual concorreu apenas a Universidade Católica, que já assegurava, "sem interrupções", esse serviço de apoio jurídico desde 1993, "é a que melhor defende o interesse público e a segurança rodoviária".
Por isso, o ministério de Rui Pereira "espera que Passos Coelho peça as desculpas devidas a todos os visados pelas suas declarações, nomeadamente à Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária e à Universidade Católica", cuja proposta apresentada "está a ser apreciada pelo júri".
*Com Agência Lusa