<p>O frasco do "ketchup" abriu-se e os golos sucederam-se em catadupa, numa segunda parte de luxo para Portugal. Ronaldo, que andava com azar aos postes, teve sorte, finalmente, e marcou um do golo caricatos, que o próprio descreveu como "divertido". Portugal goleou, 7-0, a Coreia do Norte e está a um ponto do apuramento.</p>
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A desmarcação foi boa, o toque subtil, para tentar passar pelo guarda-redes. A bola, que minutos antes caprichosamente havia sido devolvida pela barra, rindo na cara de Ronaldo, voltou a troçar do internacional português, rodopiando-lhe pelos ombros e cabeça. Quando voltou a entrar na órbita visual do futebolista do Real Madrid, acabou, calmamente nas redes da Coreia do Norte, a toque de CR9.
O sexto golo de Portugal, marcado por Ronaldo, ilustra o jogo de Portugal, esta tarde, na África do Sul. Talento, velocidade, raça, crença... e felicidade. Antes do fim, Tiago ainda fez o 7-0, ao marcar o segundo golo no encontro, que deixa Portugal à vontade para a última jornada, contando que a Costa do Marfim não marque assim tantos à Coreia do Norte.
Portugal construiu o resultado mais gordo do Mundial, até ao momento, com seis golos marcados na segunda parte. A selecção nacional foi para o intervalo em vantagem, 1-0, sobre a Coreia do Norte, mas no recomeço do jogo, Tiago, de fora da área, quase marcava. Valeu a defesa, para canto, de Ri Myong-guk.
A equipa nacional dava o primeiro sinal de querer aumentar a magra vantagem conquistada na primeira parte. O que não tardou a confirmar-se.
Simão Sabrosa, a passe de Raul Meireles, concluiu, de forma eficaz, uma boa jogada do ataque de Portugal (52 m), aumentando para 2-0.
Feito o segundo golo, não tardou o terceiro (56 m), com Hugo Almeida a cabecear, sozinho, para a baliza da Coreia do Norte. Acabou em golo um excelente passe de Meireles a desmarcar Coentrão, que serviu a bola numa bandeja para a cabeça de Almeida.
Com os norte-coreanos de cabeça à roda, Ronaldo desmarcou-se na esquerda e cruzou atrasado, para Tiago, com classe, fazer o 4-0. Estava arrumada a questão da vitória. Aos norte-coreanos, nem um Eusébio de olhos em bico os podia já ajudar.
Ronaldo continuou a tentar tirar a tampa do frasco do ketchup. Depois do poste, com a Costa do Marfim, foi, agora, a vez da barra a devolver um remate que parecia destinado a golo (70 m).
Mas foi Liedson a marcar. A defesa da Coreia do Norte facilitou e o "Levezinho" não foi de meias medidas, aumentando para 5-0, pouco depois de entrar em campo, para o lugar de Hugo Almeida.
Surgiu, depois o lance feliz de Ronaldo, e, ainda antes do fim, Tiago bisou na partida, fechando em sete os magníficos números da goleada.
Portugal entrou ao ataque
O jogo começou com Portugal ao ataque: em cinco minutos, dois remates da selecção nacional. Primeiro, foi Cristiano Ronaldo, em, jogada individual, a rematar à entrada da área, com a bola a fazer uma trajectória estranha, mas a morrer nas mãos do guarda-redes (3 m). Pouco depois, Ricardo Carvalho roubou uma bola na defesa e iniciou e concluiu o contra-ataque português, com um remate, por alto, à meia-volta, apesar de estar em boa posição no coração da área.
Outra vez Ricardo Carvalho (7 m), cabeceou ao poste, na sequência de um canto, com o guarda-redes fora da baliza. A Coreia do Norte tentava libertar-se do jugo, com remates de longe. Cha Jong-hyok (10 m) fez a bola passar muito perto do poste da baliza de Eduardo.
Ao fim de 15 minutos de pressão, Portugal parecia ter abrandado o ritmo frenético com que se apresentou no estádio Green Point. A Coreia do Norte aproveitou para se esticar no terreno e quase marcou, com Jong Tae-se, sozinho na área, a cabecear por cima da baliza uma bola rechaçada por uma defesa incompleta de Eduardo, a remate de Cha Jong-hyok (17 m).
A selecção nacional fez o 1-0, por Raul Meireles, aos 29 minutos, numa altura em que a Coreia do Norte dava sinais de poder equilibrar o encontro, criando perigo em remates de longe, provavelmente fiada nas trajectórias estranhadas da "jabulani".
Raul Meireles correspondeu com um remate rasteiro e eficaz a um excelente passe de Tiago, a ver e a alimentar a boa desmarcação do médio do F. C. Porto, que entrou na área para causar desequilíbrios. O golo de Portugal, aos 29 minutos, justificou-se, essencialmente, pelo início de jogo prometedor da selecção nacional. A segunda parte foi o festival, de golos e de futebol, que já se viu.
Quatro alterações na equipa de Portugal
Carlos Queiroz promoveu quatro alterações no 11, relativamente ao jogo com a Costa do Marfim. Deco, lesionado, foi substituído por Tiago, no meio-campo. Miguel, um lateral direito mais ofensivo, entrou para o lugar de Paulo Ferreira, na defesa, mas foi na frente que mais se notaram as diferenças, duas, no caso: Simão em vez de Danny e Hugo Almeida na posição 9, que foi de Liedson no nulo contra os africanos, na primeira ronda.
Durante o aquecimento, as vuvuzelas fizeram-se ouvir quando Cristiano Ronaldo entrou em campo. De novo quando foi mencionado o nome do jogador português, que se destacava pelo apoio que tem nas bancadas.
Milhares de portugueses e luso-descendentes fizeram uma festa molhada na Cidade do Cabo. As capas, uma vez que os guarda-chuvas não podiam entrar no estádio, por questões de segurança, foram a solução para fintar o mau tempo.
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Fora do relvado, Portugal também ganhou por muitos. "Portugal allez" era o grito mais ouvido no exterior do recinto, onde muitas pessoas faziam fila para entrar.
O relvado, que ontem estava impecável, podia ser mais uma preocupação para o seleccionador Carlos Queiroz, uma vez que o piso pesado poderia beneficiar a estratégia defensiva dos norte-coreanos. O que não se confirmou.