Sondagem Universidade Católica para o JN/DN/RTP/Antena 1.
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Rui Rio mantém a maioria absoluta na Câmara do Porto e o PS, com menos votos do que em 2005, está em vias de perder um vereador para o Bloco. Porém, a abstenção pode ser o pior inimigo do actual presidente da Câmara.
A sondagem realizada pela Universidade Católica para o JN, Antena 1, RTP e Diário de Notícias mantém o actual cenário à Direita, com os mesmos sete mandatos e uma ligeira subida, inferior a 1%. Longe da coligação PSD/CDS está a candidatura socialista de Elisa Ferreira, que, segundo a sondagem, fica pelos 33%, a uma distância de 14 pontos percentuais de Rui Rio e três de Francisco Assis, que disputou a Câmara pelo PS em 2005.
Se os socialistas estão no limiar de perder um eleito (de cinco para quatro), já o BE surge como principal beneficiário desta queda. Com uma estimativa de 7%, poderá, por algumas décimas, garantir o primeiro vereador no Porto.
No entanto, a mesma sondagem resulta num cenário optimista em termos de afluência às urnas. A maioria absoluta de Rui Rio e a quebra do PS assentam numa percentagem de 77% de inquiridos que respondem ter a certeza que irão votar depois de amanhã. Na mesma sondagem, aqueles que "de certeza" não vão votar ou não o tencionam fazer chegam aos 11%, ao que somamos 4% de pessoas que não sabem se vão votar. Ou seja, mesmo no pior cenário, só 15% não votariam.
Em 2005, a fasquia de votantes situou-se nos 58,52%. Ora, é significativa a margem de manobra que existe. Também por isso, Rio apela à participação, para não ser prejudicado por aqueles que dão como garantida a sua vitória e podem optar pela abstenção.
Para Elisa Ferreira, a abstenção dos descontentes perante a gestão de Rui Rio será de evitar. Do mesmo modo, os dois partidos mais à Esquerda mantêm a esperança de ir buscar votos junto daqueles que hoje prevêem não votar ou não sabem quem escolher.
Quanto aos que responderam não saber em quem votar, os 8% obtidos nas intenções de voto não seriam suficientes para o PS.
Comparando o resultado desta sondagem com aquela que foi publicada pelo JN em Junho, antes das candidaturas irem para o terreno, vemos que a distância entre Rio e Elisa era muito maior. O primeiro reforçava a maioria com 58%, o PS ficava-se pelos 25%, o BE tinha 8% e Rui Sá apenas cinco. E a Esquerda junta tinha menos 20% do que Rui Rio.
Desta vez, num cenário de coligação, PS, CDU e BE teriam mais votos do que a Direita: 49% contra 47%. Na ausência de qualquer aproximação, o BE acaba por ter uma vitória nestas estimativas porque quase duplica o seu peso, de 4,2% para 7%. Ou seja, é o partido da Esquerda que mais sobe, uma vez que o PS surge num movimento contrário e o comunista Rui Sá mantém-se, com um ligeiro reforço, na fasquia dos 9%, não conseguindo o segundo vereador.
O BE passa de 5% para 7% das intenções de voto para as estimativas; e a CDU de 8% para 9%. Na mesma sondagem, João Pinto, do PCTP/MRPP, tem 1% dos votos.
Quanto ao perfil do votante, os números reflectem o eleitorado típico de cada partido. No PSD e CDS, 50% têm instrução superior; 42% o secundário e 28% menos do que isso. Pelo contrário, os eleitores que têm menos do que o ensino secundário representam 35% para o PS (22% cumpriram o secundário e 18% o ensino superior). Na CDU, a distribuição é mais equilibrada: 9% menos do que o secundário, 7% o secundário e 8% o ensino superior. No caso do BE, 6% têm formação superior, 7% o secundário e 5% menos instrução. O resultado de 1% do MRPP equivale a uma instrução inferior ao secundário.
Ficha técnica
Esta sondagem foi realizada pelo Centro de Sondagens e Estudos de Opinião da Universidade Católica (CESOP) para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias entre os dias 2 e 5 de Outubro de 2009. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente
e residentes no concelho do Porto. Foram seleccionadas aleatoriamente onze freguesias do concelho. A selecção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até que os resultados eleitorais das eleições legislativas de 2009 e autárquicas de 2005 nesse conjunto de freguesias, ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma, estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco maiores partidos. Os domicílios em cada freguesia foram seleccionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o mais recente aniversariante recenseado eleitoralmente na freguesia.
Foram obtidos 2571 inquéritos válidos, sendo que 58% dos inquiridos eram do sexo feminino. As intenções de voto foram recolhidas através de simulação em urna. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população com 18 ou mais anos residente no Porto
por sexo (2007) e escalões etários (2007), na base dos dados do INE e de acordo com a dimensão das freguesias na base dos dados eleitorais. A taxa de resposta foi de 78%.* A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória de 2571 inquiridos é de 1,9%, com um nível de confiança de 95%.