A guerra, a defesa, a dependência energética, a economia, a agricultura, o clima, a imigração. A União vive um momento particularmente decisivo, que faz das eleições de 9 de junho umas das mais importantes de sempre. Acresce que o atual contexto político nacional promete dar-lhes redobrada relevância.
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Faltam mais de 20 dias para o arranque da campanha eleitoral rumo às eleições europeias e o tema já entrou em força no espaço público. O facto merece destaque, eventualmente algum grau de surpresa, sobretudo se tivermos em conta que falamos de eleições descritas pela literatura como de “segunda ordem”, com os números da abstenção a acompanharem esta aparente subalternização face a outros atos eleitorais (em 2019, por exemplo, na última ida às urnas para decidir a composição do Parlamento Europeu, apenas três em cada dez portugueses foram votar). Dir-se-á, numa leitura mais imediata e simplista, que este redobrado interesse terá muito que ver com o facto de vários partidos terem apostado em nomes mediáticos para cabeças de lista, com a opção da Aliança Democrática (AD) por Sebastião Bugalho, jovem jornalista de 28 anos que até aqui se destacava pelo comentário político, a liderar o top das surpresas. Escolhas à parte, parece consensual que há hoje vários fatores a contribuir para que olhemos para o sufrágio de dia 9 de junho como uma das eleições europeias mais relevantes da história da União.
Desde logo, o facto de serem as primeiras após a consumação do Brexit, após a pandemia, após o regresso da guerra ao velho continente. Depois, porque há desafios urgentes na calha, da defesa à economia, da imigração às alterações climáticas. Mais: porque o consenso necessário para implementar medidas prementes nestas áreas parece irremediavelmente ameaçado, face ao previsível robustecimento das fileiras mais conservadoras e extremistas. E os cidadãos não são alheios à conjuntura. Basta olhar para alguns dos dados do último Eurobarómetro do Parlamento Europeu antes das eleições, divulgado em meados de abril. Oito em cada dez cidadãos europeus acreditam que votar é ainda mais importante face à atual situação geopolítica. No caso dos portugueses, cerca de metade (51%) diz ter interesse nas eleições, percentagem que, não sendo brilhante, denota um aumento de 13% face ao valor registado antes do último sufrágio europeu. No meio de tudo isto, ainda há o peso destas eleições a nível interno, exponenciado pelo atual contexto político nacional.