Em 12 meses, o PMC Wagner passou de grupo marcadamente secreto a um ator incontornável na "operação especial russa" na Ucrânia. A importância dos mercenários nesta guerra é tal que Moscovo criou um grupo paramilitar para fazer concorrência aos homens de Prighozin, o ex-chef de Putin que parece ter aspirações a chefe do Kremlin. Enquanto Moscovo apoia ainda um terceiro grupo, cuja presença foi descoberta recentemente, do lado ucraniano é apenas conhecido um alegado movimento organizado de voluntários, entre muitos defensores da liberdade que lutam por Kiev.
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A presença do Grupo Wagner na Ucrânia ganhou visibilidade cerca de um mês após a invasão russa, quando foi notória a ponte aérea entre África, onde estes mercenários há anos distribuem cartões de visita de Moscovo, e a Rússia, a caminho da guerra em casa do vizinho. Mas os homens de Evgeny Prighozin, um oligarca russo que cresceu à sombra do eucalipto Putin, com negócios variados na órbita estatal, operam na Ucrânia desde 2014, aquando da anexação russa da Crimeia e das primeiras ações de desestabilização no terreno ucraniano.
Até à primavera a de 2022, as ações do Grupo Wagner (GW) pareciam visíveis apenas em África. Sabia-se que estavam a combater na Ucrânia, mas tinham pouca visibilidade, como convém a uma unidade "alugada" para matar. "Estes grupos estão envolvidos em algum mistério, por um lado alimentado pelos próprios chefes, porque lhes dá uma aura de invencibilidade, heroísmo. Por outro lado, porque têm efetivamente uma existência, em parte secreta, que não querem que chegue aos órgãos de comunicação social, para poderem continuar a operar com alguma liberdade", diz Diana Soller, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI). No caso da Wagner, a aura de secretismo remonta até à formação da organização, que não é clara para os investigadores: há quem defenda que começou logo após a guerra da Chechénia, entre 1994 e 1996, ou duas décadas mais tarde, em 2014, pela mão de Dmitry Utkin, um antigo comandante das Forças Especiais russas, que foi buscar o nome ao compositor alemão Richard Wagner, o favorito de Adolf Hitler. Desde 2017 é liderado por Yevgeny Prighozin, mais um oligarca "made in" Kremlin.
"O que se passa em determinada altura, isto não se percebe exatamente porquê, Evgeny Prighozin começa a ter uma presença na imprensa, nomeadamente na ocidental, que põe uma visibilidade enorme sobre o Grupo Wagner", diz Diana Soller. "Prighozin começa a fazer declarações muito presentes" a reclamar créditos de vitórias na Ucrânia. "Por outro lado, começa a criticar de uma forma muito aberta o Ministério da Defesa da Rússia", criando a sensação de que é preciso uma entidade como como o GW para manter a Rússia no conflito.
"Prighozin entende que em face daquilo que tem sido o seu envolvimento na questão da guerra que isso lhe permite sustentar também algumas aspirações de natureza política", explica o major-general Arnaut Moreira. Uma força que advém da "tentação da Federação Russa" por este tipo de grupos. "As companhias privadas militares, PMC (Private Military Companies) são proibidas na Rússia. Não sendo legais, as Forças Armadas podem sempre invocar que não existem. E aqui reside o aspeto da utilidade. É que, hoje em dia, para a condução de uma guerra de natureza híbrida, são fundamentais estas organizações que sabem atuar entre o legal e ilegal", acrescenta o militar que foi diretor de Comunicações e Sistemas de Informação do Exército entre 2013 e 2016.
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"Acho que o grupo Wagner é forte porque cresceu enquanto força económica, se quisermos, pela influência que o grupo e o líder do grupo têm junto do Kremlin", comenta Ricardo Alexandre, notando um processo de osmose. "Podemos ter assistido, no início, a determinadas práticas que estão mais próximas de grupos de mercenários que de forças regulares, mas com a mobilização especial que foi ordenada no Kremlin e com as derrotas que as forças russas foram tendo e com as mudanças de chefia operacional no terreno, acho que grupos de mercenários e forças regulares, hoje em dia, são uma só força, que são as Forças Armadas da Rússia", acrescenta diretor-adjunto da TSF, especialista em questões internacionais e comentador televisivo.
A atuação da Wagner da Ucrânia segue exatamente os mesmos padrões que vimos anteriormente em África
A companhia de Prighozin foi registada oficialmente na Rússia no final de 2022, sob o nome PMC Wagner Center, como empresa de desenvolvimento científico, consultoria financeira, publicações e aluguer de navios e aviões. Falta o "aluguer" de homens de guerra e o descartar de almas penadas, através do cartão "saia da prisão e vá diretamente para a frente de batalha" que foi dado milhares de prisioneiros russos.
"Foram buscar pessoas acusadas de crimes graves, homicídios, violações, com penas pesadas para cumprir, e garantiram que seriam livres após seis meses a combater no terreno, assumidamente como carne para canhão. Se calhar para muitos fez todos o sentido, e não foram propriamente voluntários", comenta Ricardo Alexandre. "Que este grupo tenha tido capacidade para tirar das prisões dezenas de milhar de pessoas, passando por cima do Ministério da Justiça, da Procuradoria-Geral da Federação Russa, dos responsáveis governamentais pelas prisões, é algo bastante impactante", acrescentou.
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Esta forma de recrutamento, entretanto travada pelo Ministério da Defesa, permitiu a inclusão nas fileiras de Prighozin de "um grupo de operacionais que não tem tecnologia, que tem poucas armas, mas acaba por servir para a frente imediata de batalha", especifica Diana Soller. E resolveu um problema a Putin. "A Federação Russa, para mobilizar 300 mil soldados em setembro perdeu 700 mil pessoas que fugiram. Não parece compensador", recorda Arnaut Moreira. Sublinhando que no final do ano, teria cerca 50 mil soldados com capacidade militar. "Armados pela Federação Russa, naturalmente, suportados do ponto de vista do apoio aéreo e a artilharia também" por Moscovo.
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"A atuação da Wagner na Ucrânia segue exatamente os mesmos padrões que vimos anteriormente em África. Numa primeira fase, a de desestabilização política, no Donbass, o que aconteceu antes de 2014, e a organização de um conjunto de milícias armadas que possam tentar o poder em muitas cidades. Primeira fase é esta da preparação de uma manobra de insurreição. A segunda vantagem da Wagner é que tem uma capacidade de mobilização e de recrutamento que a Federação Russa não tem", sublinhou Arnaut Moreira.
"Não consigo prever como seria a guerra sem a presença do Grupo Wagner. A única coisa que posso verdadeiramente dizer é que tem sido importante", sublinha Diana Soller. "E tem consequências no sentido de ter nascido uma nova liderança militar, não oficial, mas muito sonora dentro do contingente russo, que está de alguma maneira a mudar as regras do jogo", acrescentou a investigadora do IPRI. "A eficácia deste grupo, de alguma maneira, transformou a forma como ele era visto pelos dirigentes russos. Agora, não transformou de forma a que Putin se opusesse ao ponto que tivesse de desaparecer ou que pelo menos Prighozin deixasse de ser o líder. Portanto, este facto pode levar-nos a escamotear que Putin, por algum motivo, tem interesse na manutenção do Grupo Wagner", aventa a investigadora, num momento em que novos ventos se levantam a Leste.
A "concorrência" nasceu dentro do Ministério da Defesa da Rússia
Os mercenários de Evegney Prighozin não são os únicos a fazer a guerra a soldo pela Rússia. Têm a companhia da Redut, também alimentada a rublos, e a "concorrência" da Patriot, um grupo paramilitar que nasceu pela mão do Ministro da Defesa russo como uma aparente forma de controlar o crescente poder do homem conhecido como o chef de Putin, em referência aos negócios na área da alimentação escolar, e que dá sinais de querer ser chefe supremo da Rússia. "Há uma contenda aberta e pública entre o ministro da defesa, Shoigu, e o chefe do grupo Wagner. Não me admira que o próprio Ministério da Defesa, numa medida de contra-ataque, tenha tomada essa decisão", observa Diana Soller, ao comentar o aparecimento destes "voluntários" russos, que estão a combater em Bakhmut, mas não propriamente ao lado do GW.
"Diria que é nesta fase uma concorrência", adianta o major-general Arnaut Moreira. "O Kremlin entendeu, ou pelo menos percebeu, que existem aqui potencialidades que podem ser exploradas com atores com aspirações menos políticas e, portanto, controlados mais diretamente. A questão é aproveitar os mesmos esquemas da Wagner, mas com pessoas com menos aspirações políticas que Prighozin", argumenta o ex-chefe do Gabinete do Ministro da Defesa Nacional.
"A minha tese é que isto acontece porque para Putin é importante ter o Ministério da Defesa contrabalançado com outro outro grupo com importância no terreno, o que pode levar a consequências como essa, a da criação de um grupo de mercenários do Ministério da Defesa, que no fundo é um concorrente do Wagner, ainda que o objetivo seja o mesmo, derrotar a Ucrânia", argumenta Diana Soller.
"Pode, de facto, haver algum interesse da parte das lideranças publicas e militares russas em ter empresas contratadas, tornando militares em mercenários, porque de alguma forma ajudará, na sua visão, a ilibar as estruturas do Estado da responsabilidade de crimes de guerra contra a humanidade. Shoigu poderá sempre dizer que esses homens não estavam sob tutela direta do Ministério da Defesa, eram uma empresa de voluntários que estava a ajudar as forças pró-russas. Se isso é uma estratégia que pode ter sucesso, tenho algumas dúvidas", argumenta Ricardo Alexandre.
Os problemas emergiram no início de fevereiro, quando Prighozin se queixou de "questões burocráticos" que estavam a atrasar o avanço do GW em Bakhmut, um dos pontos mais quentes da guerra na Ucrânia no fim do primeiro ano do conflito. "O Kremlin está interessado numa vitória, mas não está interessado que seja atribuída exclusivamente a Prighozin. Certamente que, de vez em quando, sinaliza, através da falta de apoio, que essas vitórias estão dependentes do apoio de combate que é fornecido pela Federação Russa. Na minha leitura, isto é um conjunto de avisos que o Kremlin vai enviando a Prighozin a ver se ele percebe que é importante mas não é excessivamente importante nem determinante neste assunto", considera Arnaut Moreira.
Ambições políticas podem levar ao fim de Prighozin
Esta semana, os problemas burocráticos terão estado na origem na morte de dezenas de combatentes, alegadamente por falta de munições na frente de batalha. "O chefe do Estado Maior General e o ministro a defesa dão ordens para a direita e para a esquerda, não apenas para não fornecer munições à PMC Wagner, como também sem ajudar no transporte aéreo", disse Yevgeny Prigozhin, queixando-se da falta de apoio de Moscovo. "Há uma oposição direta, que não é nada mais do que uma tentativa de destruir a Wagner. Isto pode ser considerado traição", queixou-se o líder do Wagner, citado pela agência de notícias Reuters.
Uma versão desmentida pelo Ministério da Defesa russo. "O comando do grupo conjunto de tropas dá atenção especial, constante e prioritária ao fornecimento de tudo o que é necessário aos voluntários e soldados das unidades de assalto", afirmou. "O sucesso das operações de combate não teria sido possível sem o total apoio de fogo da ofensiva por artilharia, viaturas blindadas e outras armas de fogo", acrescenta o comunicado de Shoigu, que qualifica os mercenários como "voluntários".
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Segundo o Ministério da Defesa russo, entre 18 e 20 de fevereiro, "os voluntários" dos esquadrões de assalto receberam 1660 obuses para lança-rockets, 10171 munições para canhões, além de 980 projéteis para tanques. "Todas as solicitações de fornecimento de munições para as unidades de assalto são respondidas o mais rapidamente possível. Assim foi e assim será", sublinhou o MD, acrescentando que, nos próximos dias, todos os pedidos apresentados para fevereiro serão totalmente atendidos. "Portanto, todas as declarações 'de cabeça quente' sobre a falta de munições são absolutamente falsas", sublinhou o gabinete de Shoigu.
"O líder da PMC Wagner tem aspirações de natureza política. E é aqui que entra em confronto institucional com a Federação Russa, porque para assumir este protagonismo de natureza política precisa de menorizar o desempenho das Forças Armadas russas e, por outro lado, projetar as suas capacidades de natureza militar", argumenta Arnaut Moreira. "É uma dinâmica que temos de continuar a acompanhar, esta das relações e das aspirações de Prighozin e o risco para o Kremlin", acrescentou o major-general, que desempenhou funções no Ministério da Defesa Nacional e de subdiretor-Geral de Política de Defesa Nacional.
Em janeiro, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, anunciou que os Estados Unidos "estão a sancionar indivíduos e entidades relacionadas com o grupo paramilitar russo Wagner e o líder, Yevgeniy Prigozhin - incluindo as principais instalações e empresas de fachada associadas, as suas operações de combate na Ucrânia". O objetivo dos Estados Unidos é "enfraquecer a capacidade de Moscovo para travar a guerra, fazer com que os responsáveis respondam por esta agressão e abusos associados e colocar mais pressão sobre o setor de defesa da Rússia".
Diana Soller considera que "é importante" a "criminalização" do GW por parte dos EUA. "Faz com que haja um reconhecimento internacional, e nomeadamente norte-americano, que o Grupo Wagner tem desempenhado um papel importante na Guerra da Ucrânia". Ricardo Alexandre está menos otimista. "É um efeito mais simbólico", argumenta do diretor-adjunto da TSF. "Neste momento, na guerra, esses grupos não vão deixar de atuar só porque os Estados Unidos os consideram uma organização terrorista ou foram alvos de sanções internacionais", acrescenta o jornalista, lembrando que a presença de mercenários é algo que "acontece em todos os conflitos há já bastante tempo". Não é uma novidade. "Tivemos bósnios, croatas e sérvios a combater nas guerras do Médio Oriente, tivemos antes, quando foram as guerras dos Balcãs, mujaedines afegãos que foram combater os sérvios para a Bósnia. Provavelmente tivemos isso também em guerras anteriores."
Os outros atores a soldo no teatro de guerra
E será assim, eventualmente, no futuro, porque o presente, pelo menos do lado russo, mostra que a Wagner não está sozinha no negócio do "aluguer" de homens para matar e morrer por um soldo. "Na área de Stepnem, na frente de Vuhledar, notamos que, além do Wagner, apareceu a Patriot, aparentemente afiliada com o atual ministro da Defesa russo Shoigu", afirmou o coronel Serhii Cherevatii, porta-voz da Unidade de Leste das Forças Armadas da Ucrânia, citado pela comunicação social local, em finais de dezembro. "Obviamente, os russos estão a investir tudo para tentarem algum tipo de resultado", acrescentou.
Segundo o o site de investigação ucraniano "InformNapalm", a Patriot "é uma versão atualizada do grupo Wagner, em que todos os membros são militares profissionais que, aparentemente, ainda estão ao serviço das forças de operações especiais ou do GRU", unidade secreta russa perita em "subversão, ataques à bomba e assassinatos", alguns em países europeus como a Inglaterra, "eliminando" opositores de Moscovo.
Os contratados da Patriot recebem salários que podem ir de 6100 dólares (5600 euros) a 15200 dólares (cerca de 14 mil euros). Segundo o mesmo site ucraniano, a empresa terá sido criada pelo atual ministro da defesa russo, Serguei Shoigu, em 2020.
A um nível, aparentemente, mais baixo, está a Redut. Estes mercenários têm sido usados em operações especiais, mais localizadas e seletivas, segundo informações dos serviços secretos ucranianos. Fundada pelo multimilionário Gennady Timchenko, tem ligações ao Kremlin e, tal como a Wagner, esteve envolvida em operações militares na Síria, onde a Rússia nutre a guerra civil que brotou da chamada primavera árabe, em 2011.
Timchenko, de 70 anos, é um oligarca conhecido do Ocidente, com relações próximas a Putin, o homem que lhe outorgou uma licença de exploração de petróleo e que abriu a torneira dos milhões, da qual verteu uma fortuna que se aproxima dos 10 mil milhões de euros, contas da revista "Forbes", através do grupo empresarial Volga.
Segundo o jornal independente russo "Novaya Gazeta", a Redut "é um dos maiores intervenientes não oficiais" no teatro de operações que centra as atenções mundiais. Uma investigação do jornal, fundado pelo Nobel da Paz de 2021 Dmitry Muratov, concluiu que o grupo paramilitar tem ligações diretas ao Ministério da Defesa russo e ao GRU. Foi confirmada, oficialmente, na leitura da sentença de Maksim Ziaziulchik. Bielorrusso, de 22 anos, foi condenado, em janeiro, por um tribunal de Kiev a 10 anos de prisão por combater na Ucrânia como contratado "ao serviço da empresa privada Redut".
O recrutamento é feito através das redes sociais V. Kontakt, o Facebook russo, e do Telegram. Um contratado ao serviço da empresa de Timchenko aufere cerca de três mil euros por mês, conforme revelou o jornal fundado pelo Nobel da Paz de 2021. "Assinamos contrato com a Redut, mas trabalhamos às ordens do Ministério da Defesa russo", explicou um recrutador, citado na investigação da Novaya Gazeta.
Os novos "filhos da liberdade" e os voluntariosos voluntários
Do lado ucraniano, o único grupo organizado aparentemente a operar ao lado de Kiev dá pelo nome de SOLI, acrónimo de Sons of Liberty International (Filhos da Liberdade Internacional). Uma organização fundada por Mathew VanDike, em Washington, nos EUA, define-se como "a primeira empresa de segurança a operar com um modelo não lucrativo." A descrição consta da página da SOLI na Internet, uma versão modernos dos "Filhos da Liberdade" originais, uma organização clandestina que se notabilizou no fim do século XVIII, tendo desempenhado um papel importante na independência dos EUA.
"Fornecemos consultoria grátis em segurança e serviços de treino a populações vulneráveis incapazes de se defender", diz a organização. No Twitter, o fundado, que diz ter sido prisioneiro de guerra durante seis meses, na Líbia, conta histórias dos voluntários da SOLI. "Sergei é um herói. Durante a batalha em Bakhmut, arrastou nove feridos para um local seguro, aplicou torniquetes em três, salvou um soldado da morte enquanto disparava a arma", escreve VanDyke. "Serguei foi treinador pelo formador da Sons of Liberty International Jason", acrescenta.
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As alegações de VanDike não foram confirmadas oficialmente por qualquer entidade. A mobilização de voluntários para o lado ucraniano, que se saiba, é exclusivamente voluntariosa, assente em pessoas que querem juntar-se à causa ucraniana e combater a Rússia. O movimento foi particularmente notório há cerca de um ano, nas semanas que se seguiram à invasão russa, com milhares de pessoas, especialmente norte-americanos a afluírem à frente de batalha. Há relatos de alguns portugueses que também se alistaram, mas os caminhos que fizeram desde março de 2022 estão agora cobertos por um manto de névoa, que não permite perceber que é feito destas pessoas.
Dos milhares que acorreram a defender o povo ucraniano, alguns foram aceites nas Forças Armadas ucranianas, outros morreram, muitos voltaram a correr para casa e, doutros, nada se sabe. Tal como não se sabe quantos são aqueles que, por vontade própria continuam a fazer frente aos russos em terras da Ucrânia.